sábado, janeiro 28, 2012

SOBREVIVENTE DO HOLOCAUSTO MORREU ONTEM EXACTAMENTE NO 67º ANIVERSÁRIO DA LIBERTAÇÃO DE AUSCHWITZ

Kazimierz Smolen, de 91 anos, sobrevivente ao campo de morte de Auschwitz, morreu ontem, exactamente no dia em que há 67 anos o campo foi libertado pelo exército russo. Smolen tornou-se o director do memorial do Holocausto logo a seguir à 2ª Guerra Mundial. No dia histórico da libertação, celebrado por todo o mundo civilizado, este sobrevivente morreu num hospital da cidade polaca de Oswiecim, de onde partiam as ordens dos alemães nazis para as operações nos campos de morte de Auschwitz-Birkenau, durante a Segunda Grande Guerra Mundial.  
O dia 27 de Janeiro passou desde 2005 a ser designado pelas Nações Unidas como o "Dia Internacional da Memória do Holocausto". Por toda a Europa foram ontem realizadas várias cerimónias alusivas ao dia.
Dois anos após o final da Guerra, Auschwitz-Birkenau tornou-se um museu onde o ontem falecido Smolen serviu como director, entre 1955 e 1990. Após a sua aposentação, ele continuou a viver na cidade, assistindo frequentemente às cerimónias em memória da libertação do campo.
Nascido em 19 de Abril de 1920 na cidade polaca de Chorzow Stary, Smolen era um polaco que se envolveu na resistência anti-nazi, tendo sido preso pelos alemães em Abril de 1941 e levado para Auschwitz num dos primeiros "carregamentos" em massa de prisioneiros. Ele saiu do campo no último transporte de prisioneiros evacuados pelos alemães em 18 de Janeiro de 1945, nove dias antes da sua liberação.

As notícias dão conta que a sobrevivência de Smolen se deveu à sua boa condição física e à "muita sorte", e que ele certa vez explicou que a sua decisão de voltar ao campo para o administrar era uma forma de honrar os que ali morreram, cerca de 1 milhão e meio de pessoas, na maioria judeus.
Ontem mesmo o primeiro-ministro da Noruega, Jens Stoltenberg, pediu perdão pelo papel que o seu país desempenhou ao prender e deportar judeus, após ter sido invadido pela Alemanha nazi. 772 judeus noruegueses e refugiados judeus foram deportados para a Alemanha durante a guerra. Só 34 sobreviveram.
Primeiro-ministro norueguês discursando ontem
Falando durante uma cerimónia em Oslo em que assistiu o último judeu sobrevivente de um grupo de 532 que foram deportados da Noruega em 1942, Stoltenberg disse que é altura de a sua nação reconhecer que políticos e outros noruegueses tomaram parte do Holocausto. Ele expressou "o nosso profundo pesar por isto ter acontecido em solo norueguês". No início da semana, tanto o presidente demissionário do Parlamento Europeu como o novo presidente juraram a famosa declaração de "nunca mais" em cerimónias realizadas em Bruxelas assinalando o Dia Internacional da Memória do Holocausto.
Martin Schulz no Parlamento Europeu
Num dia repleto de discursos (e boas intenções), o que foi proferido pelo novo presidente do Parlamento Europeu - o alemão Martin Schulz - foi especialmente memorável: o legislador alemão falou o seguinte, numa sessão especial do corpo legislativo: "Eu nasci depois da Segunda Grande Guerra. Mas como representante alemão, sinto que tenho uma responsabilidade muito específica por causa daquilo que aconteceu e daquilo que foi decidido na assim-chamada conferência Wannsee em nome do povo alemão, e eu sou um representante do povo alemão".
"O povo alemão de hoje não é culpado, mas responsável...por guardar a memória e nunca esquecer que aquilo que aconteceu, aconteceu em nome da nossa nação".
Durante as cerimónias, o presidente do Congresso Judaico Europeu, Moshe Kantor, recebeu a mais alta distinção concedida pela França, a Ordem da Legião Estrangeira Francesa. Durante o seu discurso proferido na altura da aceitação desta homenagem, Kantor assinalou que um "novo regime do mal" está-se levantando agora, e avisou que este "reino do mal" - a República Islâmica do Irão - apresenta talvez a maior ameaça ao Estado de Israel que os judeus têm enfrentado depois dos nazis. 
Em Portugal, as comemorações do Dia Internacional da Memória do Holocausto tiveram inicio no dia 23 de Janeiro, na sede do Conselho Distrital de Lisboa da Ordem dos Advogados, onde perante uma centena de pessoas destacamos os alunos e professores da Escola Secundária D. Luísa de Gusmão. No acto usaram da palavra as seguintes individualidades:

Presidente do CDL da Ordem dos Advogados, Dr. Vasco Marques Correia; Embaixador dos EUA, Allan Katz; Embaixador de ISRAEL, Ehud Gol; Embaixador da HUNGRIA, Norbert Konkoly; Deputado da AR, Dr. João Rebelo; Vice-Presidente da Comunidade Isra­elita e Presidente da Associação Memoshoá, Esther Mucznik; Dra. Geral do Instituto Diplomático, Dra. Manuela Franco; Dr. Salvador Reis Garrido, neto de Carlos Sampaio Garrido; Bastonário da Ordem dos Advogados, Dr. António Marinho Pinto; Presidente da JFA, Dr. João Mourato Grave; Vogal da JFA, Júlio Sequeira.
O tom das intervenções centrou-se na defesa dos valores que nortearam a acção dos diplomatas portugueses Aristides Sousa Mendes, Sampaio Garrido e Teixeira Branquinho, durante a 2ª Guerra Mundial, que pouparam a vida a milhares de judeus, vítimas de perseguição racial, e na necessidade das novas gerações praticarem a tolerância sem deixar de ser activas na condenação das ideias que conduzem à barbárie e ao genocídio de seres humanos.

Ehud Gol, Embaixador de Israel
Assinalou-se igualmente a presença do Embaixador de Itália, Renato Varriale, dos deputados da AR Dra. Ana Sofia Bettencourt, Dr. Adolfo Mesquita Nunes, Dr. João Gonçalves Pereira, do Vereador da CML Dr. António Carlos Monteiro, Alta Comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural, Dra. Rosário Farmhouse, Diretora da Escola Secundária D. Luísa de Gusmão, Dra. Natalina Rosa e Prof. de História, Dra. Isabel Cluny, representantes do Conselho Geral do Agrupamento de Escolas Nuno Gonçalves, da Obra Social das Irmãs Oblatas do Santissimo Redentor e da Direção do Lisboa Ginásio Clube.
Terminada a sessão foi descerrada uma placa em homenagem ao embaixador Sampaio Garrido no largo de Santa Bárbara.
Shalom, Israel! 

 

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