GABRIEL NADAF E NETANYAHU |
Muitos dos 160.000 cristãos israelitas, até agora considerados árabes, podem a partir de agora registar-se oficialmente como arameus.
O ministro do Interior israelita Gideon Saar deu instruções à "Autoridade para a Imigração e Fronteiras" para permitir o registo de uma nova nacionalidade: arameu - nos cartões de identidade dos cidadãos cristãos até agora registados como "árabes".
Numa carta dirigida ao director da "Autoridade para a Imigração e Fronteiras", Saar referiu "ter recebido três opiniões segundo as quais a existência de uma nacionalidade arameia é clara e óbvia, tal como foi requerido pelo Tribunal Supremo."
"As condições requeridas para provar a existência da nacionalidade estão presentes, incluindo a herança histórica, religião, cultura, descendência e linguagem" - acrescentou o ministro.
Segundo esta ordem ministerial, qualquer cidadão que preencha essas condições é elegível e registar-se oficialmente como "arameu."
BÍBLIA EM ARAMAICO, A LÍNGUA DOS ARAMEUS |
Esta decisão do ministro Saar aplica-se em última instância aos cristãos que actualmente vivem em Israel e que se identificam como arameus, que podem falar aramaico, e que são oriundos de uma das diversas denominações cristãs: maronita, ortodoxa aramaica, ortodoxa grega, católica grega e católica siríaca. Algumas delas, ansiando por uma mudança de estatuto, registaram-se como grupo no Ministério do Interior já no ano 2010, podendo agora finalmente registar-se como arameias.
Uma página no facebook que reúne os apoiantes do padre Gabriel Nadaf, líder na minoria arameia, mostrou o êxtase criado na comunidade por esta decisão governamental israelita.
A decisão "corrige uma injustiça histórica que definia erradamente os cidadãos israelitas de ascendência cristã oriental como "árabes cristãos", apesar de, com excepção da língua falada (árabe), eles não terem absolutamente qualquer conexão com a nacionalidade árabe" - escreveu Nadaf.
Numa carta emotiva escrita ao ministro Saar, Hanad agradeceu-lhe pelo "pluralismo e abertura da sociedade israelita na absorção de minorias religiosas e éticas, com base no amor e aceitação, sem qualquer descriminação, segundo os princípios da democracia, liberdade individual, liberdade de consciência e liberdade de culto."
O padre Nadaf acrescentou que os cristãos desejam ser "uma parte inseparável" da sociedade de Israel e fazer com que as suas vozes sejam ouvidas "nas esferas sociais, económicas, académicas e políticas no estado de Israel."
E acrescentou: "Esta é a primeira vez que um estado do Médio Oriente reconhece a minoria cristã arameia como uma nacionalidade legítima e age para a preservar, bem como ensinar a sua língua e absorvê-la na sociedade."
"Contrastando com os países da região em que os cristãos e outras minorias são sistematicamente assassinados, igrejas são destruídas e as pessoas são forçadas a esconder a sua identidade só por se definirem como cristãs - enquanto que em cada década que o mundo progride e avança, os países árabes recuam uma década - o estado de Israel deu um gigantesco passo em frente."
Nadaf é um caso único entre os líderes cristãos ortodoxos ao advogar uma forte conexão entre a sua comunidade e o estado - razão pela qual tem sido punido pela igreja oficial ortodoxa grega, que tem tentado afastá-lo.
Vários ministros árabes também o têm condenado, chamando-lhe "um agente do sionismo que tenta dividir os árabes." Hadaf tem sido ameaçado com violência e até recebeu ameaças de morte, mas mesmo assim insiste que representa um razoável segmento da comunidade cristã israelita.
"Sentimo-nos seguros no estado de Israel" - afirmou Nadaf - "e vemo-nos como cidadãos do estado com todos os respectivos direitos e obrigações."
QUEM SÃO OS ARAMEUS?
Segundo a Bíblia hebraica, os arameus eram um povo oriundo da Mesopotâmia, os "Aram-Naharaim" (Aram dos dois rios), além das regiões circunvizinhas, como a Síria, a Pérsia, o vale do Jordão e as montanhas do Líbano.
Aram foi também o quinto filho de Sem, o primogénito de Noé.
Os judeus usavam a expressão "arameus" para distinguirem os seus povos aparentados mais afastados, os "povos de Aram", no Oriente, ou os "filhos de Eber", como também era designado este povo, unificado pela língua aramaica e não pela existência de qualquer estado. Em alguns trechos da Bíblia os "arameus" são referidos como "sírios."
Historicamente, sabe-se que os arameus se instalaram em definitivo no "Aram bíblico" no século XII a.C. , numa região entre a parte sul da Turquia, Síria e Iraque, naquilo que hoje se conhece como o Curdistão. O 2º Livro de Samuel refere-se também a um efémero reino arameu, na região da actual Damasco, mas que rapidamente se desvaneceu.
Os arameus, como povo, diluíram-se etnicamente entre os povos do Mediterrâneo Oriental, ainda que a língua tivesse perdurado.
A sua língua, o aramaico, é um idioma semítico, com alfabeto próprio e mais de 3 milénios de formação, e é a língua que Jesus falava, pois naquela época era muito falada na região da Galiléia e da Síria. Chegou a ser declarado como idioma oficial pelos assírios e pelos persas. O aramaico está assimilado ao siríaco, uma língua mais litúrgica e religiosa, uma vez que os descendentes dos arameus que se encontram maioritariamente na Síria, ainda que mesclados com outros povos, são na sua maioria cristãos.
Shalom, Israel!
3 comentários:
Israel tem se tornado um oassis acolhedor para todos os desprezados e perseguidos nos países vizinhos por suas opiniões e crenças.
É triste como grande parte da imprensa trata como "opressor" o único Estado do Oriente Médio que ainda acolhe os verdadeiros perseguidos daquela região do globo.
Maravilhoso passo do povo de D'us.E não importa o que dizem sobre Israel, mas o que o seu D'us pensa sobre eles e mais adiante o que fará através deles e todos verão e ouvirão.
Fabiana
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