Cumprindo o mandamento de Deus aos judeus, vários agricultores de Israel estão levando a sério o descanso da terra a cada 7 anos, conhecido como "Shemitah", ou "ano sabático", um ano em que as terras e pomares descansam sem qualquer intervenção humana.
Desde há vários meses que os agricultores se têm vindo a preparar para este ano inteiro de descanso da terra ontem iniciado, no início do Novo Ano Judaico, o "Rosh Hashana."
Um dos agricultores que decidiram levar a sério este mandamento bíblico é Rony Rozenzweig, do kibbutz Lavi, uma cooperativa comunitária religiosa próxima a Tiberíades, na região Norte da Galiléia.
"O Shemitah oferece-nos uma série de desafios que temos de enfrentar. O nosso rabino local orienta-nos acerca daquilo que temos ou não permissão para fazer" - afirmou Rozenzweig.
Entre as regras que apresentam um desafio único ao trabalho na sua comunidade estão: "Não plantar sementes, não semear erva, cuidar apenas do que já existe, não acrescentar nada de novo."
ANO SABÁTICO
O ano sabático é mencionado várias vezes na Bíblia, com a primeira referência em Êxodo 23:10-11, em que é ordenado aos israelitas: "Seis anos semearás a tua terra, e recolherás os seus frutos; porém no sétimo ano a deixarás descansar e não a cultivarás, para que os pobres do teu povo achem que comer, e do sobejo comam os animais do campo. Assim farás com a tua vinha e com o teu olival."
Segundo a Bíblia, os judeus em Israel estão proibidos de trabalhar as suas terras, incluindo plantar, podar ou segar, tampouco comprar ou vender o fruto do seu trabalho. São permitidos trabalhos de manutenção, tais como regar e fertilizar a terra, e pode-se comer tudo o que a terra produzir sem intervenção humana durante o ano.
Para acalmar as preocupações de que a comida venha a faltar, Deus disse em Levítico 25 que abençoará a terra e providenciará o suficiente durante o 6º ano para "produzir o suficiente para 3 anos."
Para o kibbutz Lavi, tal como para as outras comunidades agrícolas, o desafio tem sido como respeitar o mandato bíblico, ao mesmo tempo que suprir as necessidades alimentares. Para resolver a situação, a comunidade divide os seus campos - que produzem trigo, milho, cevada, ervilhas, e pomares com citrinos - em três categorias:
"Com alguns dos nossos campos, deixamo-los tal como estão, ou seja: um pleno ano sabático para libertar completamente a terra. Durante o ano inteiro temos campos em que não vamos tocar, segundo a lei judaica" - informou Rozenzweig.
Para o segundo lote de terras, o kibbutz tem andado a plantar trigo com intensidade durante o mês passado, antes do início do Novo Ano Judaico, de forma a "planear a terra agora, para que não façamos trabalhos proibidos durante o ano sabático."
E o agricultor concluiu depois: "Esperamos pela graça dos céus."
A terceira categoria de terras a administrar nos próximos 12 meses envolve vender temporariamente as mesmas a árabes ou permitir que não-judeus trabalhem certos terrenos, uma vez que isso é permitido na provisão.
MAIS DO QUE UM MERO DESCANSO DA TERRA
Mas o "Shemitah" significa muito mais do que apenas deixar a terra descansar.
"Como judeus religiosos, durante este ano aprendemos mais da Torá, e libertamos os agricultores para aprenderem mais acerca da nossa fé. A nossa religião diz: deixa o trabalho e trabalha no teu espírito. A nossa decisão no kibbutz é de permitir que os nossos membros desenvolvam o seu lado espiritual, e isso é também sabático" - afirmou Rozenzweig.
Questionado sobre se acha que a observância religiosa causa alguma diferença a longo prazo na saúde da terra, Rozenzweig disse: "Acreditamos que deixar a terra descansar, ajuda a terra. Se nós assim acreditarmos, é isso que vai acontecer."
Esta observância tem sido respeitada desde há gerações. O diário israelita "Haaretz" relatou que "tanto Alexandre o Grande como Júlio César concordaram em isentar os judeus de impostos durante os anos sabáticos, de forma a que eles pudessem respeitar as suas leis."
ASPECTO CARITATIVO
Há também uma perspectiva caritativa no ano sabático, uma vez que "tudo o que crescer nas terras durante o ano sabático é, pelo menos em teoria, para toda a gente, especialmente os pobres."
"Quando o Shemitah é pela primeira vez mencionado no Êxodo, a Torá diz que "a colheita é para os pobres da nossa nação, e o resto para os animais selvagens."
Segundo Deuteronómio 15:1, a cada 7 anos as dívidas também deveriam ser perdoadas, contudo os bancos em Israel não seguem esse preceito...
Segundo o Ministério da Agricultura de Israel, as culturas produzidas no Sul do deserto do Negueve podem ser consumidas, "porque esta região está situada fora das fronteiras da antiga terra de Israel, portanto isenta das restrições religiosas judaicas."
DESOBEDIÊNCIA GEROU CATIVEIRO
Segundo o relato bíblico, foi exactamente o desprezo pelo cumprimento do ano sabático - descanso da terra - por parte dos israelitas durante 490 anos que levou a que Deus os castigasse através do exílio de 70 anos na Babilónia. Portanto, o castigo de 70 anos na Babilónia implicou 1 ano de exílio por cada ano sabático não respeitado pelos judeus.
A desobediência começou logo no início do reinado de Saul - ano
1050 a.C. - até ao início do cativeiro, no ano 606 a.C.
A desobediência paga-se caro, e a História de Israel comprova-o...
Que Deus abençoe os agricultores obedientes de Israel!
Shalom, Israel!
6 comentários:
Quanto ao descanso da terra vejo com bons olhos, porém isso não vos é mais uma causa religiosa, uma vez que falavam de Cristo e Jesus já veio comprovando todos os atos cerimoniais do AT. Lembro-me dos fariseus e suas maneiras de interpretar a Lei, da dificuldade de se largar os costumes mesmo os apóstolos...só pensando um pouco nas leituras bíblicas e para reflexão saudável. Jackson Henrique.
Quando alguém dá uma opinião que desfavorece a Cultura Judaica. como anónimo nao acredito que deva considerar.
Marion, ele "assinou", Jackson Henrique. O problema é que o sistema de comentários no blogger.com é muito travado, assim as pessoas preferem publicar como "anônimo" e assinam à parte. Como eu estou fazendo (Roberto Kedoshim).
Compreendo o fato de estar anônimo, mas não considero qualquer teoria que desrespeite a cultura judaica em função de outra religião. Mesmo porque Jesus era judeu e conforme o próprio texto bíblico cumpria e respeitava a religião do seu povo, dos seus pais.
Realmente, a Bíblia fala de várias atuações de DEUS em Israel e nos demais povos e nações da Terra nos ciclos de Shemitah e de suas Festas Solenes!
Para Deus o fato aqui mencionado não é pelo descanso da terra, mas é para que o homem aprenda a confiar na providencia divina, pois muitos só pensam em plantar e colher e se esquecem que é de Deus o querer e o efetuar. ( Marco Antonio Ribeiro)
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