Fico encorajado pela coragem do sr. embaixador de Israel no Conselho de Segurança da ONU em promover a paz, mostrando que aquilo que Israel deseja não é a guerra, mas a paz duradoira.
Discurso do sr. Embaixador Dan Gillerman - representante permanente de Israel perante o Conselho de Segurança das Nações Unidas - durante o debate sobre "A situação no Médio Oriente", em 8 de Agosto de 2006
Sr. Presidente:
Nestas últimas quatro semanas, os povos de Israel e do Líbano têm estado no meio de um brutal e trágico conflito. Têm sido causadas perdas e sofrimentos insuportáveis em ambos os lados. É tempo de se acabar com este conflito.
Mas discursos e resoluções não acabam por si próprios com os conflitos. Nem as boas intenções. Os conflitos terminam-se com acções e não com palavras. Eles acabam quando aqueles que iniciaram o conflito e os que procuram continuar a ameaçar a região forem confrontados e vencidos.
O teste crítico que este Conselho enfrenta não é se pode adoptar uma resolução. A questão é se este Conselho e a comunidade internacional podem adoptar um curso de acção, um plano de mudança que terminará com a ameaça que o Hezbollah e seus sustentadores colocam ao povo de Israel e do Líbano, e à região como um todo. Esse é o teste. E tanto as forças de terror como as forças de moderação no Médio Oriente estão olhando para o Conselho para ver se ele está à altura desse desafio.
Nem o povo de Israel nem o povo do Líbano têm qualquer interesse em estar neste conflito. Não há discussão entre nós. Há seis anos, Israel retirou as suas tropas de cada palmo do território libanês, como este Conselho enfaticamente confirmou. Não poderia ser mais claro: a questão nesta crise não é território, mas o terrorismo.
Neste últimos seis anos, os terroristas do Hezbollah , financiados treinados, armados e dirigidos pelo Irão e pela Síria, têm cavado as suas raízes profundamente em território libanês, e têm espalhado os seus ramos venenosos pelas suas cidades e aldeias. O mau fruto deste crescimento têm sido os mais de 13.000 mísseis mortíferos direccionados para matar o povo de Israel. E nestas quatro semanas o Hezbollah tem aumentado as suas ameaças, lançando estes mísseis letais directa e indiscriminadamente contra as cidades de Haifa e Nazaré, Kiryat Shemona e Kfar Giladi, tendo como alvo homens, mulheres e crianças. Judeus, muçulmanos e cristãos.
Nenhum país do mundo poderia - ou deveria - permitir que uma organização terrorista pudesse apelar publicamente à sua destruição, e desenvolver uma vasta infra-estrutura terrorista permitida dentro das suas fronteiras.
Nenhum estado representado nesta organização pode - ou deve - sentar-se passivamente, enquanto mais de 3.500 mísseis são atirados sobre as suas cidades e aldeias, alvejando deliberadamente casas e hospitais, escolas e jardins de infância.
Nenhum governo poderia - ou deveria - fazer menos para proteger o seu povo do que aquilo que o governo de Israel tem feito à luz desta campanha terrorista do Hezbollah, e nenhum povo poderia - ou deveria - ficar satisfeito até que os seus líderes fizessem o mesmo.
Israel, tal como qualquer estado faria, tem feito, e continuará a fazer tudo o que for necessário para proteger as vidas dos seus cidadãos. Tem o direito e o dever de agir em defesa própria. E não se poupará a esforços para trazer de volta a casa so seus soldados raptados.
No cumprimento da sua responsabilidade de proteger os seus cidadãos, a tarefa de Israel é duplamente complicada. Tem de se defender contra um inimigo que não só alveja deliberadamente cidadãos, mas também se esconde no meio deles, escondendo as suas armas e lançadores de foguetes no coração das comunidades civis, e ainda em mesquitas e instalações da ONU. Para o Hezbollah, os civis não são apenas um alvo, mas também um escudo.
Nesta situação impossível, na qual o Hezbollah escarnece abertamente do princípio humanitário fundamental de distinguir combatentes de civis, Israel tem feito intensos esforços para se defender, de acordo com os princípios da lei internacional, para dirigir os seus ataques contra
alvos militares, e para evitar estragos desproporcionados a civis que são usados para encobrir os terroristas. Ao mesmo tempo, mesmo enquanto voam mísseis terroristas, Israel tem trabalhado para que as necessidades humanitárias da população sejam satisfeitas, permitindo que comboios de ajuda e suprimentos cheguem àqueles que deles necessitam e facilitando a evacuação de cidadãos estrangeiros e de pessoal da ONU.
Sr. Presidente,
Se há uma diferença mais chocante ou profunda do que aquela que existe entre Israel e os terroristas, é confrontando:
- aqueles que equipam as suas residências com abrigos contra as bombas e os que as enchem de mísseis;
- aqueles que espalham prospectos avisando os civis para abandonarem os bastiões terroristas, e os que escondem lançadores de foguetes debaixo de prédios; ou
- entre aqueles que lamentam a morte de cada civil - libanês ou israelita - como uma tragédia e uma falha, e os que vêem isso como uma vitória e causa de regozijo.
Acredito que o povo do Líbano, através de todo o sofrimento e angústia destas últimas semanas, tem visto o insensível menosprezo do Hezbollah, que afirma lutar pela sua causa, mas que coloca uma arma ao pé de uma criança que dorme.
Creio que um corajoso jovem libanês representa a opinião de muitos quando escreveu no seu blog da internet: "Não foram só soldados israelitas que o Hezbollah aprisionou, mas somos nós, o povo do Líbano."
Creio que nunca foi tão claro que, apesar de toda a sua conversa de bravura, o Hezbollah tem demonstrado as formas mais baixas de covardia - agachando-se atrás dos membros mais frágeis da sociedade. Na verdade, em muitos casos, os mísseis letais do Hezbollah são atirados de temporizadores, para que assim o terrorista possa fugir do local do lançamento, abandonando famílias desprotegidas que se tornam escudos de alvos militares.
Nisto, os terroristas têm aprendido bem dos seus financiadores, do Irão e da Síria. Tal como o Hezbollah prefere esconder-se atrás de outros, e lutar a partir das suas casas, assim também o Irão e a Síria demonstram covardia e desdém, lutando as suas guerras através de mandatários, em terreno libanês. Talvez mais do que tudo seja este desprezo pelas vidas daqueles que afirmam proteger, esta cadeia de covardia, que une o Irão e a Síria, o Hezbollah e o Hamas - o Quarteto do Terror.
Sr. Presidente,
Estas quatro semanas de violência têm custado muito aos povos do Líbano e de Israel. Mas também têm criado uma nova oportunidade.
Após seis anos de inactividade que permitiram ao Hezbollah, com o apoio da Síria e do Irão, desenvolverem uma capacidade letal para desestabilizar a região, uma parte significativa da sua capacidade foi destruída. Bases do Hezbollah têm sido desmanteladas, rampas de lançamento de mísseis e montes de armas têm sido removidas, e a região do sul do Líbano tem sido substancialmente limpa da infra-estrutura do terrorismo.
Como resultado, pela primeira vez em seis anos, há uma possibilidade de que o Líbano e a comunidade internacional possam começar de novo e reparar as omissões que conduziram à crise actual. Mas isto exige acção determinada e decisiva. Requer uma força internacional grande, robusta e eficaz, que possa assegurar o desmantelamento e desarmamento de todos os grupos terroristas, e a implementação da resolução 1559, em todas as suas partes. Requer também medidas eficazes e de força que previnam o contínuo suprimento e rearmamento de armas e munições dos mercadores do terror em Damasco e Teerão, que continuam numa base diária - mesmo enquanto falamos. E requer que o governo do Líbano mostre a vontade e a coragem para retomar o controle do seu destino, confrontando os terroristas que têm lançado o pânico na sua sociedade, e satisfazendo as obrigações básicas estabelecidas pela lei internacional e por este Conselho para o Líbano, para terminar o uso do seu território como base para ameaçar o território de outros. Estas são obrigações fundamentais e incondicionais esperadas de qualquer governo, e elas não dependem da sua concordância.
Estas são as medidas práticas necessárias para nos tirar desta crise. Israel está pronto para cessar hostilidades, e para retirar as suas forças se estas medidas efectivas tomarem lugar, para que assim as ameaças terroristas sobre os seus cidadãos possam finalmente chegar a um fim. Nós queremos um cessar fogo que semeie as sementes da paz futura, não de conflito futuro.
O teste a qualquer resolução ou proposta será ao conseguirem efectivamente trazer todas estas mudanças práticas no terreno. Não esqueçamos que uma resolução não é um fim, mas um meio para alcançarmos um fim; uma situação nova e sustentável na qual os povos do Líbano e Israel sejam libertos da ameaça do terror, e tenham a chance de viver vidas normais em paz e prosperidade.
Sr. Presidente,
Estou certo que os meus colegas árabes que hoje falaram, e que creio são sinceros nos seus desejos de paz e estabilidade para esta região, não querem uma resolução para criar um vazio que o Hezbollah pode preencher. Estou certo que não querem um retorno ao status quo, no qual os terroristas e seus apoiantes possam manter reféns uma região e suas perspectivas de paz. E estou certo que não querem uma resolução que demonstre impotência, em vez de acção.
Os terroristas estão a observar, sr. Presidente. Se este Conselho adoptar o caminho das meias-medidas, concessões e meras declarações, eles ficarão mais ousados e nós iremos voltar a esta mesa daqui a uma semana, mês ou ano, encarando uma tragédia de proporções semelhantes ou ainda maiores. Mas se este Conselho adoptar um caminho de acção e tomar as medidas necessárias para assegurar que as suas próprias resoluções sejam implementadas, os terroristas e seus apoiantes nas nossa região e pelo mundo fora saberão que terão de fazer face à vontade e determinação de uma comunidade internacional unida. E como resultado, as forças da paz e moderação no Médio Oriente terão ganho uma batalha crucial pelo futuro da nossa torturada região.
Só pedimos que a comunidade internacional fique atrás dessas forças de paz. Que compreenda que ao lutar contra o terrorismo, nós lutamos pela paz. E que tenha a coragem, a sabedoria e a convicção para assegurar que o fim deste conflito cria uma nova realidade na qual os moderados prevalecem, e onde os extremistas encontrem a justiça e o isolamento que tanto merecem.
Sr, Presidente,
Volto-me novamente para o meu colega libanês, e através dele para o povo libanês: Não há disputa entre nós. A horrenda violência e sofrimento destas últimas semanas não tem sido alimentada por qualquer interesse ou agenda de qualquer dos nossos estados. Tem sido alimentada unicamente pelas intenções cínicas e genocidas de regimes extremistas que desejam destruir qualquer possível perspectiva de podermos mudar a sua cultura de ódio numa cultura de esperança.
Este é um momento de decisão crítico para o povo do Líbano: lançar a sua sorte com aqueles que irão trabalhar para promover paz e prosperidade, ou com os que se comprometem em minar qualquer chance de progresso. A escolha, muito simples, é entre os que constroiem e os que destróiem. Por amor dos nossos povos, por amor dos nossos filhos, eu suplico-lhe que escolha os edificadores.
As bandeiras dos nossos dois estados, que mostram os cedros do Líbano e a estrela de David, mostram-nos que a história comum dos nossos povos é de construirmos juntos. O Livro bíblico dos Reis conta que o rei Hirão de Tiro, no Líbano, enviou cedros e artistas ao rei Salomão, filho de David, para se juntarem a ele na construção do santo Templo na cidade da paz, Jerusalém.
Os nossos povos têm uma longa e gloriosa história de edificação comum. Reunamos de novo a coragem para voltarmos a construir.
Obrigado, sr. Presidente.
Shalom, Israel!
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