Dois acontecimentos moldadores da História tiveram lugar nesta data que hoje se celebra: um irradia alegria, outro uma imensa tristeza. O que é irónico é não só a data em si, mas o lugar onde esses eventos paradoxos tiveram lugar: Berlim, a capital da Alemanha em 1938, e que agora o volta a ser.
Celebra-se hoje a queda do "muro de Berlim" - local que visitámos em 1988 - e que certamente constituiu um acontecimento marcante e libertador para a Europa e o resto do mundo. Todos se alegram com justificado júbilo.
9 de Novembro de 1938 não é contudo um dia de celebração, mas de lembrança e tristeza. Ao contrário da festa da liberdade que 1989 recorda, 1938 é uma recordação do fim da liberdade para muitos, exactamente os judeus que naquela famigerada "Noite de Cristal" viram mais de 1.000 sinagogas destruídas e queimadas, mais de 7.500 lojas pilhadas, pelo menos 91 judeus assassinados e 30.000 homens judeus deportados para os campos de concentração de Dachau, Buchenwald e Sachsenhausen.
Esta chacina assassina contra os judeus alemães, cinicamente descrita pelos nazis como a "Noite do Vidro Partido" (Kristallnacht) foi um grande ponto de viragem no caminho para a "Solução Final". A partir daqui o regime nazi não seria mais detido pela opinião pública ocidental na sua "guerra contra os Judeus".
Neste dia em que os líderes mundiais reunidos em Berlim celebram a vitória da liberdade, seria uma excelente idéia que eles mesmos pensassem em combater a crescente vaga de anti-semitismo emergente na Europa, para que as actuais celebrações não sejam manchadas pela hipocrisia e dualidade tão comuns nos políticos europeus.
Citando o velho ditado judeu: "Aqueles que ignoram a História estão condenados a repetir os seus erros".
Viva a liberdade, mas ainda mais o direito à vida!
Shalom, Israel!
Sem comentários:
Enviar um comentário