O grande mufti (doutor da lei islâmica) do Egipto - que tem estado debaixo de "fogo" no Egipto por causa da sua visita a Jerusalém - defendeu a sua peregrinação diante de um concílio islâmico no Cairo, alegando que a sua viagem foi feita num contexto de afirmar as reivindicações islâmicas sobre a Cidade de Jerusalém.
Segundo informações divulgadas hoje pelo diário estatal egípcio Al-Ahram, o líder muçulmano testemunhou ontem durante quase três horas diante de um tribunal liderado pelo grande sheikh do Al-Azhar, Ahmed Al-Tayeb na Academia de Pesquisa Islâmica.
O Dr. Ali Gomaa (o acusado), afirmou ter visitado a cidade de forma a demonstrar solidariedade para com os residentes palestinianos da cidade, os quais estão "clamando por protecção" da "ocupação israelita."
Depois das audições, o concílio renovou a sua proibição de se visitar Jerusalém e a mesquita Al-Aksa que "estão sob ocupação" - relata o Al-Ahram.
Responsáveis religiosos egípcios, incluindo membros da Igreja cristã copta do Egipto têm desde há décadas recusado viajar até Jerusalém em protesto por aquilo que eles entendem como "ocupação israelita de Jerusalém oriental e das áreas palestinianas."
Segundo o jornal egípcio, o mufti egípcio, que entrou em Jerusalém através da Jordânia e da Samaria, disse nunca ter recebido um visto de entrada em Israel, e negou alegações de que a sua viagem encorajava a normalização com Israel.
Gomaa sublinhou que a sua peregrinação não tinha sido "sob a bandeira da normalização ou sob a bandeira israelita." Segundo o jornal, ele reiterou que a viagem - que ele anunciou na passada quarta-feira via Twitter - era "não-oficial", e que a fez unicamente por razões religiosas.
Gomaa informou o tribunal que nenhuma bandeira de Israel estava dentro do recinto da mesquita de Al-Aksa, mas que estava desfraldada do lado de fora das muralhas que rodeavam o Monte do Templo, onde soldados das Forças de Defesa de Israel faziam a sua guarda.
Gomaa afirmou que tinha visitado Al-Aksa, o terceiro lugar mais sagrado para os muçulmanos depois das mesquitas de Meca e Medina, após ter recebido convites do emir do Qatar e da Jordânia para visitar Jerusalém, além de ter correspondido a um convite aberto feito pelo presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas. No mês passado, durante uma conferência relacionada com Jerusalém realizada no Qatar, Abbas apelou a todos os muçulmanos do mundo inteiro a que visitassem Jerusalém de forma a atrasarem os esforços israelitas para "judaizarem" a capital de Israel.
A visita do mufti a Jerusalém constituiu a segunda vez neste mês em que peregrinos egípcios despertaram a ira das autoridades religiosas do seu país, as quais se opõem a tais viagens, não obstante os acordos de paz assinados com Israel em 1979.
No início deste mês, alguns cristãos coptas enfureceram as autoridades coptas no Egipto quando fizeram uma peregrinação a Jerusalém durante a Páscoa. Depois de a mídia egípcia ter revelado que um novo voo directo para coptas estava transportando peregrinos entre o Cairo e Tel Aviv, as autoridades religiosas coptas disseram que quem visitasse Jerusalém se arriscava à expulsão do seio da Igreja à sua chegada ao Egipto, em obediência à proibição imposta pelo falecido papa copta Shenouda III.
Muitos egípcios continuam a ver Israel como um estado inimigo, apesar do acordo de paz que terminou décadas de beligerância entre Israel e seu vizinho do sul. Além de alguns candidatos presidenciais, vários juristas no novo Egipto cujo parlamento é dominado pelos islamistas, têm apelado a que se revejam e se emendem os acordos de paz.
Shalom, Israel!
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