Milhares de pessoas reuniram-se hoje em Beit Shemesh numa demonstração para protestarem contra a crescente exigência por parte de elementos religiosos radicais para a exclusão das mulheres da vida pública em Israel.
A concentração terá como principais oradoras algumas mulheres que foram vítimas dos judeus ortodoxos haredim.
A líder da oposição e outras figuras destacadas também participaram no evento.
Os "protestantes" empunhavam faixas onde se lia: "Libertem Israel da coerção religiosa", "Não deixem que Israel se torne num Irão", "Segregação é uma linha vermelha" e "A maioria não é mais silenciosa".
Como dizia Paulo, "zelo sem entendimento" |
A revolta pública contra a exigência radical de impedir as mulheres de estarem em eventos públicos e a segregação entre sexos nos autocarros, passeios e até em filas do supermercado tornou-se especialmente estridente neste passado fim de semana, quando uma menina de 7 anos - Na'ama Margolis - recebeu uma cuspidela numa rua de Beit Shamesh de um homem haredim que alegou que ela não estava vestida de forma "suficientemente modesta".
"Há pessoas maravilhosas que querem viver aqui. Algumas são religiosas, outras não. Elas pediram-me: "Não desista de nós". Não temos intenção de vos deixar a vós nem ao estado de Israel" - falou a líder da oposição, Livni.
E Livni alertou ainda contra "uma mudança subtil que se vai operando aqui por parte de alguns que acham que as mulheres são inferiores a eles".
"Beit Shemesh tem-se tornado num símbolo de uma cidade secular que se tem tornado haredim. Pessoas não religiosas devem ter permissão para viver aqui...a presente situação é intolerável" - afirmou também Miri Regev, do partido Likud.
"Este é um país judeu, mas não há lugar para a imposição de éditos religiosos. Não podemos permitir a coerção ou segregação religiosa em cidades mistas. Cada um deve poder fazer a sua própria escolha" - acrescentou a deputada.
Amir Peretz, do Partido Trabalhista, que também participou na manifestação acrescentou: "Chega. Temos de parar esta situação...está certo que os haredim tenham os seus próprios bairros, mas eles não podem ter permissão de controlar cidades inteiras - isso causará distúrbios e até talvez uma guerra entre irmãos".
Peretz expressou esperança de que os partidos políticos se unam na luta contra a segregação: "É inconcebível que uma mocinha em Israel tenha que dizer que tem medo de sair de casa".
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu reiterou hoje a sua aversão a este fenómeno, dizendo que a exigência para se excluir as mulheres vai contra os princípios fundamentais do judaísmo:
"A Bíblia fala da forma gentil em que cada pessoa, e em especial as mulheres, devem ser tratadas. A exclusão das mulheres vai contra a tradição da Bíblia e os princípios do judaísmo".
Algumas horas antes da concentração, o prefeito de Beit Shemesh, Moshe Abutbul, referiu-se aos recentes actos de violência contra mulheres na cidade, dizendo que tal conduta é indesculpável e que os "agitadores serão tratados com mão dura".
"Beit Shemesh denuncia esse comportamento. Homens violentos devem estar atrás das grades. Apelo à polícia para que tenha mão firme contra todos os agitadores, e peço à imprensa para que não classifique todos os ultra-ortodoxos da mesma forma" - afirmou.
Foi entretanto proposta uma nova lei para sentenciar a três anos de prisão qualquer um que incite, pregue ou exclua activamente mulheres.
Shalom, Israel!
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