Mais um impressionante achado revela como era Jerusalém há 2 mil anos atrás. Tal como tantos outros, este aconteceu "por acaso", quando o piso de um dos túneis ao lado do Muro Ocidental começou a ceder durante as escavações, provocando grande curiosidade e até expectativa da parte dos arqueólogos. É que quando se encontram buracos no chão, isso pode ser perigoso, mas ao mesmo tempo um sinal de que por baixo existirão camadas de História prontas a serem reveladas...
Foi isso exactamente que aconteceu recentemente, quando parte do piso de uma imenso sistema de drenagem colapsou, bem abaixo do Muro Ocidental. Quando os arqueólogos tentaram investigar o que estava acontecendo, estavam longe de adivinhar o que iriam descobrir!
Tão entusiasmados ficaram, que não esperaram pela chegada de lanternas, e utilizaram as luzes dos visores dos seus telemóveis para tentarem ver o que tinham encontrado. O arqueólogo chefe deste grupo, Eli Shukron, que tem andado a escavar em Jerusalém há 25 anos, foi o primeiro a enfiar a cabeça no buraco e ficou completamente sobrepujado pelo tamanho da sala que haviam descoberto.
Baseando-se em prévias escavações e pesquisas na área, Shukron ficou umediatamente convencido que eles tinham tropeçado numa enorme cisterna subterrânea do período do Primeiro Templo. O achado é significativo, pois é a primeira evidência de armazenamento de água próximo ao Primeiro Templo de Jerusalém.
Até agora, os peritos têm sempre pensado que os peregrinos e os residentes costumavam descer até à fonte de Gihon - situada num caminho ao fundo do parque da Cidade de David - de forma a poderem obter água para uso nos rituais e na vida diária à volta do Primeiro Templo.
Nas palavras proferidas ontem por Shukron: "Isto dá-nos agora uma oportunidade para conhecermos a vida no dia a dia desta gente."
Medindo aproximadamente um décimo do tamanho de uma piscina olímpica, o reservatório mede 12 metros por 5, e 4,5 de altura, e pode conter aproximadamente 250 metros cúbicos de água.
Shukron data o reservatório de água do período do Primeiro Templo, uma vez que ele usa o mesmo tipo de reboco usado em outros reservatórios na região das Fontes de Gihon da mesma época.
É praticamente certo que o reservatório era público, uma vez que os poços privados podiam apenas conter algumas poucas dezenas de metros cúbicos de água.
Quando este reservatório se encontrava em uso, as águas das nascentes que escorriam do Monte do Templo entravam por um dos lados do reservatório e enchiam todo o espaço. Ontem mesmo, e apesar de estarmos no fim do verão, num dos cantos do reservatório ainda se encontra um tanque com água fresca.
Segundo o Dr. Tvika Tsuk, o arqueólogo responsável pela Autoridade para os Parques Naturais em Israel e um perito em sistemas antigos de água, disse que o reservatório era semelhante aos encontrados em Beit Shemesh e Bersheva, do mesmo período histórico.
"Presume-se que o grande reservatório de água, situado próximo ao Monte do Templo, seria usado para as actividades diárias do Monte do Templo e também pelos peregrinos que subiam ao Templo e que necessitavam de água para beber e banharem-se," - afirmou o arqueólogo.
Conseguem-se ainda ver as marcas das mãos dos trabalhadores que colocaram o reboco.
A descoberta do reservatório foi ontem apresentada durante a 13ª Conferência de estudos sobre a Jerusalém Antiga, que trata dos achados do ano passado no parque arqueológico da Cidade de David.
Os canais de drenagem debaixo da Praça do Muro Ocidental são parte de um gigantesco projecto levado a cabo durante o período do Segundo Templo. Até o entulho que enche os canais de água contém descobertas únicas: pedaços de cerâmica com 2.000 anos, um sino dourado ornamental que provavelmente pertencia a um sumo sacerdote, e sinetes - um dos quais contém a mais antiga referência a Belém.
Shalom, Israel
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