Cientistas israelitas que trabalham na California conseguiram pela primeira vez registar células individuais do cérebro humano no momento em que elas "puxavam" pela memória, identificando o lugar exacto no cérebro onde uma memória específica fica registada, e como recriá-la.
O prof. Itzhak Fried, responsável da unidade de neurocirurgia funcional do Centro Médico Sourasky em Tel Aviv, um perito em neurocirurgia da Universidade de Tel Aviv e um neurocirurgião da Universidade da California em Los Angeles (UCLA) lideraram a experiência conduzida em 13 pacientes de epilepsia a serem operados no hospital da Universidade. Electrodos normalmente introduzidos nos seus cérebros para localizar a origem dos seus ataques epilépticos antes da intervenção cirúrgica foram utilizados para registar o disparo de neurónios.
Os registos demonstraram que as "memórias recentes" vivem em alguns dos mesmos neurónios que reagiram mais activamente quando o evento recordado tinha sido experimentado, fornecendo assim pela primeira vez forte evidência a favor de uma teoria antiga crida pelos neurocientistas.
Crê-se que esta descoberta poderá levar a novas direcções no estudo de demências como a doença de Alzheimer e ajudar a explicar como é que algumas memórias parecem surgir não se sabe de onde.
"Se compreendermos melhor a memória"- revelou Fried a um jornal israelita antes de correr para uma cirurgia - "estaremos em melhores condições para ajudar pacientes de demência".
"A região do cérebro chamada hippocampus que nós estudámos é a primeira a ser afectada pela demência. A capacidade para descarregar novas memórias e recuperá-las conscientemente depende do hippocampus e do acesso ao mesmo, o chamado cortex entorinal."
Os paciente foram expostos a curtos video clips mostrando um conhecido cómico e alguns famosos actores e comediantes, junto a locais marcantes como a torre Eiffel. À medida que observavam os videos, os pesquisadores registavam a actividade de muitos neurónios no hippocampus e na "porta de acesso" a reagirem fortemente aos clips. Alguns minutos depois, após realizarem um trabalho de intervenção, os pacientes foram convidados a relembrar os video clips que lhes vinham à mente.
"Eles não estavam preparados para recordar nenhum video clip em particular" - disse Fried - "mas podiam lembrar qualquer outra coisa que lhes viesse à mente".
Os pesquisadores descobriram que os mesmos neurónios que tinham previamente respondido a um video clip específico disparavam com força um ou dois segundos antes que o sujeito relatasse aquilo que tinha recordado (mas não disparavam quando outros clips eram lembrados).
Em última instância foi assim possível aos pesquisadores saber quais os clips que os pacientes estavam lembrando sem que alguém lhos recordasse.
Os neurónios individuais que foram registados quando disparavam não agiam sozinhos - segundo Fried - mas faziam parte de um vastíssimo "circuito de memória" com centenas de milhares de células "apanhadas no acto" de responder aos clips.
"Sendo assim" - adiantou Fried - "reviver experiências passadas na nossa memória é de certa forma como ressuscitar a actividade dos neurónios do passado."
Uma vez mais e como sempre, Israel na vanguarda da ciência!
Shalom, Israel!
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