sexta-feira, maio 22, 2009

PRIMEIRO MINISTRO BRITÂNICO: "AS LIÇÕES QUE APRENDI EM AUSCHWITZ"

O primeiro ministro britânico, Gordon Brown, compartilha o profundo impacto que a visita ao campo de morte lhe provocou.
"Não existem palavras para a escuridão e desolação de Auschwitz.
Li tanto acerca da Shoah, vi tantos filmes e documentários, tive o enorme privilégio de falar com sobreviventes e educadores. Pensei estar preparado para a minha visita, mas sei agora que não estava nem poderia estar, porque a imaginação prepara-nos, ao ligar aquilo que estamos prestes a experimentar a algo que já anteriormente experimentámos.
Mas nunca tinha estado antes diante de uma montanha de cabelo humano. Nunca tinha tocado nas paredes das câmaras de gás onde mãos humanas se cravaram nos tijolos, em terror e desespero. Nunca vira num local de execução uma montanha de sapatos de milhares de crianças que caminharam uma após outra para as suas dolorosas mortes. Nunca havia olhado como agora o fiz para a mala de uma criança de três anos - uma orfã que caminhou para a morte sem mãe nem pai para a confortar.
Aquilo que vi em Auschwitz foi uma terrível acusação não só do absoluto mal dos perpetradores mas também da cegueira moral de todos aqueles que olharam para o lado. Tenho agora uma nova compreensão do fardo da memória, de que a distancia do Holocausto no tempo e na geografia não diminui, antes aumenta a nossa obrigação de recordar e resistir.
Mas aprendi também uma lição ainda mais profunda. Mesmo ao caminhar pelo Vale da Sombra da Morte, o povo Judeu estava determinado em manter-se uma luz para as nações. As pessoas em Auschwitz continuaram a orar, a obervar as festas religiosas e a seguir o mitzvot. Partilharam qualquer pedaço de pão que tivessem - dividindo o nada, mas dividindo tudo.
A história de Auschwitz é um misto de coragem e de crueldade, de como pessoas podem ainda encontrar capacidade de serem humanas mesmo em lugares deshumanos. Lembro-me do rabi que nunca esteve num campo de morte e a quem perguntaram por que é que fazia tanto pela cultura do Holocausto, quando ele próprio não era um sobrevivente. E ele respondeu que era um sobrevivente, que todos nós o somos, não só todos os judeus, mas toda a humanidade, porque tínhamos encontrado a esperança para ultrapassar a nossa hora mais tenebrosa. Foi isso que Elie Weisel quis dizer quando afirmou "porque lembro, eu desespero. Mas porque lembro, tenho um dever de rejeitar o desespero."
Acima de tudo devemos servir a memória dos que não sobreviveram, ensinando aos nossos filhos que eles nasceram dotados de livre vontade. É essa capacidade de escolher que contém dentro de si não só o potencial para a atrocidade mas também a nossa capacidade de viver com justiça. É isso que diferencia a humanidade de todas as outras criaturas, e foi isso que os nazis tentaram destruir. Assim, para mim, a verdadeira lição de Auschwitz é uma simples e profunda lição judaica: honramos os mortos ao celebrarmos a vida; vencemos o ódio ao escolhermos a esperança."

Gordon Brown, Primeiro-Ministro do Reino Unido.

Shalom, povo de Israel!

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