sexta-feira, outubro 30, 2015

BÍBLIA MAIS ANTIGA DO MUNDO EXPOSTA EM LONDRES


A Bíblia mais antiga do mundo é uma das 200 peças exibindo a evolução religiosa do Egipto numa exposição que abrirá hoje ao público, no Museu Britânico, em Londres, e que traça 1.200 anos do percurso religioso egípcio depois da morte de Cleópatra.
Entitulada "Egipto: a fé depois dos faraós", esta exposição cobre um período de 12 séculos, desde a integração do país no império romano no ano 30 a.C., até à queda da dinastia fatimista islâmica em 1171.
Uma das preciosas raridades nesta exposição é um livro escrito em grego, feito de peles de animais por monges no Monte Sinai, e que contém parte do "Codex Sinaiticus", do 4º século d.C., com a cópia completa mais antiga de todo o Novo Testamento.
"Este é sem sombra de dúvida o livro mais importante na Inglaterra. Esta é uma ocasião notável para vê-lo num contexto do mundo no qual ele foi escrito" - afirmou Neil MacGregor, director do Museu Britânico.
O "Codex Sinaiticus" é um dos maiores tesouros do mundo. Escrito à mão na língua grega, contém a mais antiga cópia completa de todo o Novo Testamento. Crê-se que este "codex" é obra de quatro escribas, tornando-se no protótipo de todas as Bíblias cristãs que se lhe seguiram. 
A exposição revela como é que as comunidades cristãs, judaicas e muçulmanas reinterpretavam o passado faraónico do Egipto, que estavam longe de estar segregadas, como revela um documento assinalando um acordo de empréstimo realizado na época entre dois monges cristãos e um judeu.
Cartas do "Genizah do Cairo" encontradas no armazém da sinagoga Ben Ezra, visitada por nós no Cairo em Agosto passado, e datadas do 11º e 13º séculos d.C., escritas em hebraico, judaico-árabe, aramaico e árabe, fazem parte da exposição e revelam a existência de uma pujante comunidade judaica com ligações internacionais desde a Espanha até à Índia, fornecendo assim uma perspectiva de uma mais alargada sociedade medieval mediterrânica.
Os curadores sublinharam também como é que as crenças monoteístas se desenvolveram - como é que práticas por vezes relacionadas com a adoração pagã e crenças politeístas, tais como o lançamento de sortes foram sendo incorporadas nas novas crenças.
"A ideia de que a religião é algo com fronteiras claras distinguindo as pessoas umas das outras é algo que simplesmente não acontecia ali. Aquele era um mundo em que muitas pessoas acreditavam em muitas coisas" - afirmou MacGregor.

A exposição no Museu Britânico abre hoje as portas, e estará acessível ao público até ao dia 7 de Fevereiro de 2016.

Shalom, Israel!

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