Está prevista para as 16H00 do próximo dia 27 a realização de um tributo ao grande e injustiçado herói português Aristides de Sousa Mendes. A homenagem será levada a efeito na sede do Parlamento Europeu, em Bruxelas, Bélgica, e deverá durar até às 18H00.
Entre os oradores do evento destacam-se o presidente do PE, Antonio Tajani, a beneficiária de um dos muitos vistos concedidos pelo ex-cônsul português em Bordéus Françoise Wybauw, o neto de Sousa Mendes, Gérald Mendes, e Olivia Mattis, actual presidente da "Fundação Sousa Mendes" nos Estados Unidos.
Estará também patente uma exposição "Estes são o meu povo! - A História de Aristides de Sousa Mendes."
ARISTIDES DE SOUSA MENDES
Aristides era em Junho de 1940 o cônsul português em Bordéus. Confrontado com a presença de milhares de pessoas que tentavam um visto de Portugal para escaparem aos horrores do nazismo, podendo dessa forma atravessar a Espanha e esperar em Portugal por um destino melhor, o cônsul português encontrou-se literalmente entre "a espada e a parede", uma vez que ao conceder tais vistos, entraria em confrontação e desobediência com o então chefe do governo português, o ditador António de Oliveira Salazar.
Confrontado com a infame "Circular 14", emitida pelo governo de Salazar, proibindo a concessão de asilo a refugiados, muito em especial a judeus e a russos, Aristides de Sousa Mendes, um cristão convicto, escolheu a "desobediência" ao regime ditatorial e desumano que lhe pagava o salário, e numa decisão inesperada e súbita, passou a emitir cerca de 30.000 vistos num espaço de 48 horas apenas! Desses, 10.000 foram concedidos a judeus.
Este acto heróico foi descrito pelo historiador do Holocausto Yehuda Bauer, como "a maior acção de resgate alguma vez realizada por uma simples pessoa durante o Holocausto."
Aristides preferiu seguir a sua consciência de cristão. "Prefiro estar de bem com Deus contra os homens, do que de bem com os homens contra Deus", foi a sua famosa afirmação que justificou tão arriscada operação, e que lhe valeu da parte do ditador Salazar a despromoção profissional e a proibição de ganhar o seu salário.
Pouco antes de morrer em 1954, e a maior do maior infortúnio que se possa imaginar, Aristides escreveu 2 desesperadas cartas ao Núncio Apostólico em Lisboa, o representante do papa Pio XII, solicitando ao chefe católico romano uma ajuda urgente, uma vez que ele, como cristão tinha realizado o acto "cristão" de salvar da morte muitos milhares de "irmãos de Jesus."
Aristides morreu na maior miséria, sem nunca ter recebido qualquer resposta do chefe católico.
Tenho em minha posse a cópia dessas 2 comoventes cartas, verdadeiramente pungentes, e cuja leitura sempre me causa um misto de intensa emoção e revolta.
A única ajuda que Aristides recebeu veio da comunidade judaica em Lisboa, que alimentou a família do ex-cônsul na sua "cozinha comunitária" e foi pagando as suas despesas médicas.
"UM JUSTO ENTRE AS NAÇÕES"
Quase completamente ignorado em Portugal, Aristides de Sousa Mendes foi primeiramente reconhecido em Israel no ano de 1966, como um dos "justos entre as nações."
A árvore plantada em sua homenagem encontra-se hoje no "Jardim dos Justos", no Museu do Holocausto, na capital eterna de Israel, Jerusalém,
Em 1986, o Congresso dos EUA emitiu uma proclamação em honra a este acto heróico.
Em Portugal, foi só durante o governo de Mário Soares que o parlamento português, para além de um pedido de perdão, promoveu o cônsul postumamente à condição de embaixador.
"Eu não poderia ter agido de outra forma, e portanto aceito com amor tudo aquilo que me sobreveio" - Aristides de Sousa Mendes
3 comentários:
TODA HONRA E TODA GLÓRIA SEJA DADÁ ELE QUE É REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES (JESUS)VERDADEIRO FILHO DE DEUS
Esse homem é honrado mas creio que sua recompensa vira na ressurreição dos justos
A memória do justo é abençoada disse Salomão
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