A Orquestra de Câmara Israelita foi o primeiro agrupamento musical a tocar uma peça de Wagner na Alemanha. 700 espectadores aplaudiram a condução de Siegfried Idyll.
"Alguns de nós chorávamos. Foi um momento histórico" - disse o director da orquestra.
Tocar uma peça de Richard Wagner na Alemanha foi quebrar um verdadeiro tabu para os israelitas. Ou não fosse Richard Wagner o compositor favorito de Adolf Hitler.
Os 700 espectadores presentes no concerto realizado na cidade natal de Wagner, Bayreuth, aplaudiram efusivamente a Orquestra de Câmara de Israel logo que os 34 músicos concluiram o concerto com Siegfried Idyll, tornando-se assim um marco histórico, ao mesmo tempo que motivo para muitas críticas e repúdio por parte de muitos judeus.
Desde a sua fundação em 1948, o estado de Israel tem observado um bloqueio informal à música de Wagner devido à sua utilização na propaganda nazi antes e durante a 2ª Guerra Mundial.
A família de Wagner tinha também ligações íntimas com os fascistas alemães e suas ideologias, e quaisquer interpretações do famoso compositor do século 19 são impedidas nos palcos israelitas e das ondas da rádio, em respeito aos 220.000 sobreviventes do Holocausto.
A família de Wagner tinha também ligações íntimas com os fascistas alemães e suas ideologias, e quaisquer interpretações do famoso compositor do século 19 são impedidas nos palcos israelitas e das ondas da rádio, em respeito aos 220.000 sobreviventes do Holocausto.
Cerca de 6 milhões de judeus foram sistematicamente assassinados pelos nazis e seus colaboradores na Europa durante a 2ª Grande Guerra.
Mas a alegria dos participantes foi imensa, especialmente ao verem uma cidade que há 60 anos matava judeus estar agora a recebê-los e aplaudi-los, vendo-se bandeiras de Israel estendidas por todo o lado.
A orquestra, dirigida por Roberto Paternostro, começou o concerto com o hino nacional israelita, "Hatikva" e interpretou obras de compositores banidos pelo Terceiro Reich, incluindo Gustav Mahler e Felix Mendelssohn.
Para o dirigente da orquestra, "foi como que uma missão: judeus do estado de Israel interpretando aqui música judaica" - acrescentando que o concerto na Alemanha representou "um concerto da vitória". Os músicos - muitos deles filhos de sobreviventes do Holocausto - tinham apenas começado a ensaiar os cerca de 15 minutos da peça de Wagner à sua chegada a Bayreuth no Domingo, devido às sensibilidades existentes em Israel.
"Não queríamos magoar nenhum dos sobreviventes" - afirmou Hershkovitz.
A associação americana dos sobreviventes do Holocausto e seus descendentes é que não gostou da história e criticou asperamente o concerto, classificando-o como "uma traição particularmente dolorosa".
"A Orquestra de Câmara de Israel mostrou-se completamente surda à angústia das vítimas que viveram durante a instrumentalização da música de Wagner ao serviço do ódio" - afirmou um dos responsáveis da organização.
Heershkovitz rejeitou no entanto a alegação, afirmando que o concerto demostrou ao mundo que os nazis fracassaram na sua tentativa de exterminar os judeus e a sua cultura.
E acrescentou: "Interpretar aqui a música de Mendelssohn, o compositor judeu é uma vitória".
Heershkovitz rejeitou no entanto a alegação, afirmando que o concerto demostrou ao mundo que os nazis fracassaram na sua tentativa de exterminar os judeus e a sua cultura.
E acrescentou: "Interpretar aqui a música de Mendelssohn, o compositor judeu é uma vitória".
O concerto teve lugar durante o festival anual de Bayreuth, o mais importante festival de música clássica alemã, sendo um evento iniciado pelo próprio Wagner, em 1976.
Israel e a Alemanha estabeleceram laços diplomáticos em 1965, duas décadas depois do fim da 2ª Grande Guerra. Neste momento a Alemanha já é o segundo parceiro comercial de Israel e pagou até agora cerca de 40 biliões de dólares de compensações a sobreviventes do Holocausto em Israel.
Shalom!
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