sexta-feira, setembro 07, 2018

CRÓNICAS DE UMA MEMORÁVEL EXCURSÃO A ISRAEL - 6ª Parte

JERUSALÉM, 29 de Agosto de 2018

JERUSALÉM - ESPLANADA DO TEMPLO

Confesso que até a mim - visitante habituado às andanças pela Cidade santa desde há quase 30 anos - me impressionaram a tranquilidade da Cidade velha, a aparente presença mínima dos elementos de segurança e a facilidade com que nos deixaram subir e entrar no lugar mais conflituoso e polémico do mundo inteiro: o Monte do Templo, também conhecido por alguns como a esplanada das mesquitas...
Trata-se na verdade do Monte Moriá, o mesmo lugar onde Abraão ia sacrificando o seu filho Isaque, e onde séculos depois o rei Salomão mandou erigir o grande Templo de Jerusalém. 

Anos houve em que as tensões no local nos impediram de ali subir, mas este ano, tanto em Maio como em Agosto, a tranquilidade com que nos movimentámos no enorme recinto conspurcado a Sul pela mesquita de al Aqsa e no centro pelo Domo da Rocha, quase nos faria acreditar que se tratava do lugar mais pacífico do mundo.
Alguns dos nossos participantes foram brindados com saias emprestadas pelos zelosos guardas muçulmanos, uma vez que não se pode andar naquele espaço sagrado sem roupa apropriada que cubra quase a totalidade do corpo. 
Depois de algumas explicações pelo nosso excelente guia - Iuval Goldenberg - tivemos a possibilidade de percorrer parte daquele enorme espaço, tirar fotos e abordar a possibilidade de a pedra do sacrifício de Isaque não se situar exactamente por debaixo do Domo da Cúpula Dourada, como a tradição leva a crer, mas antes num outro local, mais a Norte, que se situa em linha recta com o portão dourado, ou a porta oriental, a única das 8 fechadas até hoje à espera da entrada do Messias.
Pessoalmente, quando me encontro naquele espaço, gosto de caminhar sozinho e deixar a minha mente divagar pelos acontecimentos que acredito ali terão lugar muito em breve e que mudarão para sempre a História do mundo...
A uma ou outra pessoa do grupo mais sintonizada com a escatologia dispensacionalista ou curiosa acerca da mesma vou aos poucos partilhando as minhas pesquisas e crenças, organizando sistematicamente a ordem dos acontecimentos que em breve ali irão ter lugar. Uma coisa é certa: Jerusalém está cada vez mais no epicentro dos acontecimentos e das atenções mundiais, e aquele lugar onde outrora assentaram os dois grandes Templos judaicos ainda vai dar muito que falar...

CIDADE DE DAVID
Nem todas as excursões organizadas a Israel incluem um dos trechos mais reais e de suprema importância bíblica como é o caso da Cidade de David.
Aqui se encontram as ruínas recentemente escavadas da cidade original de Jerusalém dos dias do rei David e Salomão, cujos palácios - ou o que resta deles - têm sido pacientemente restaurados pelos arqueólogos. Pudemos descer aos lugares originais agora reconstituídos e penetrar literalmente em 3 mil anos de História, até ao tempo dos próprios cananeus!
Percorre-se um túnel extenso escavado simultâneamente das duas pontas e pode-se também observar o túnel escavado pelo rei Ezequias durante o cerco a Jerusalém e por onde percorre ainda hoje um manancial de águas oriundas da fonte de Gihon. Foi este mesmo rei que mandou construir os tanques de Siloé, ainda sob trabalhos de escavação, mas que já podemos admirar pela sua extensão. 

Foi ali que o cego desceu para lavar os seus olhos após o milagre da cura de Jesus.
Normalmente os nossos grupos chegam até ao tanque de Siloé e sobem depois todo o caminho em pequenos autocarros que nos levam até à estrada principal que rodeia as muralhas da Cidade Santa.
Desta vez, porém, a ambição aventureira tomou conta de mim, e encetámos uma nova rota, até então desconhecida e recentemente aberta ao público: nada mais, nada menos que subir pela famosa rota dos peregrinos, ou seja, um túnel de 600 metros que nos conduziu dos tanques de Siloé até ao parque sobranceiro ao antigo Templo! Era por este mesmo caminho que os antigos peregrinos judeus subiam, carregando água desde Siloé até ao Templo. 
 
Ainda que sendo acusado pela minha própria consciência de ter levado os nossos "peregrinos" à exaustão, a verdade é que não foram poucos os que apreciaram a caminhada, ainda que sob intenso calor e humidade. Mas quando a expectativa domina a força de vontade, nada se torna impossível para quem ama Jerusalém e os seus muros! 
Valeu a pena!
 
Mas, ainda com algumas forças de reserva, e ainda que de forma rápida, pudemos ainda percorrer um pouco das ruínas deixadas pela queda das muralhas do Templo de Herodes e subir até aos degraus originais usados pelos peregrinos e certamente por Jesus e Seus discípulos quando ascendiam ao Templo de Jerusalém!

MUSEU DOS AMIGOS DE SIÃO
O moderno estado de Israel é o fruto de sonhos e do esforço de muitos que acreditaram que era chegada a hora de os judeus regressarem a Sião para se estabelecerem na Terra dos seus ancestrais de onde tinham sido expulsos 19 séculos antes, e que agora "chamava" por eles. 
A História do sionismo moderno é algo de inimaginável, não fosse o contributo decisivo de um número assinalável de cristãos que, levando a sério as palavras proféticas das Escrituras, dedicaram as suas vidas, bens e esforços para a concretização do velho sonho sionista.
É exactamente para honrar a memória desses "heróis", alguns deles quase ignorados ou esquecidos, que o meu amigo Mike Evans decidiu reunir esforços para abrir no coração de Jerusalém um museu destinado a mostrar ao mundo o quão importante e imprescindível foi a acção e a intervenção dessas figuras públicas para que Israel fosse aquilo que hoje se pode ver.

O museu tem 4 andares com exposições virtuais e dinâmicas, fazendo uso das tecnologias mais avançadas, deixando todo o visitante não só informado sobre a vida daqueles homens e mulheres que tornaram o sonho possível, mas ainda e também profundamente emocionado com a mensagem envolvente que no final lhe é apresentada.
Visitar este museu torna-se "obrigatório" para todos aqueles cristãos que de facto amam e defendem o estado e o povo de Israel.
Atrever-me-ia até a dizer que ninguém sai de lá igual...

Estávamos já na véspera do regresso às nossas terras. No coração de alguns já batia forte a saudade, não tanto de voltar a Portugal, mas de querer estar novamente e muito em breve naquela Terra que já é também nossa nos afectos e nas predilecções.
Para satisfazer algumas bolsas desejosas de espalhar algum do dinheiro pelas inúmeras lojas do bazar árabe da Cidade antiga, concedemos algum tempo no final da tarde para satisfazer tão nobre necessidade, já que ir a Israel e nada trazer para os amigos e familiares pode parecer um ignóbil e imperdoável descuido, e não falta o que comprar...

Continua...


Sem comentários: