A alteração da intenção de voto da Nigéria na última da hora permitiu não só que a proposta fosse rejeitada, como dispensou os Estados Unidos de usarem do seu direito de veto.
A proposta jordana para a aprovação de uma resolução visando o reconhecimento de um estado palestiniano foi levada ontem à noite ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, com o apoio das nações árabes ali representadas. Seriam necessários um mínimo de 9 votos a favor dentre os 15 estados membros do Conselho de Segurança.
A proposta de resolução S/2014/916 foi assim votada e chumbada nas Nações Unidas, quando era meia-noite em Israel.
MUDANÇA DE "ÚLTIMA HORA"
Aparentemente, os palestinianos já poderiam começar a abrir as garrafas de champagne, não fosse uma mudança de última hora do representante nigeriano, que optou pelo voto de abstenção à proposta. Segundo o embaixador nigeriano, o seu país alinhava com a posição norte-americana de uma "solução negociada" como último passo para a paz.
O resultado final foi de 8 votos a favor, 2 contra e 5 abstenções.
RELAÇÃO DOS PAÍSES E RESPECTIVOS VOTOS
Dos 15 representantes no Conselho de Segurança, votaram a favor da proposta:
França, China, Rússia (membros permanentes), Argentina, Chile, Chade, Jordânia e Luxemburgo (membros não permanentes).
Votaram contra:
Austrália (membro não permanente) e Estados Unidos da América (membro permanente).
Abstiveram-se:
Reino Unido (membro permanente), Nigéria, Lituânia, Coreia do Sul e Ruanda.
PALESTINIANOS NÃO DESISTEM
Confrontado com este chumbo, os palestinianos já informaram nesta Quarta-Feira que irão decidir "quais os próximos passos" a dar. Não se sabe que passos serão esses, ainda que o representante palestiniano tenha alegado que iria voltar ao Conselho de Segurança. E a esperança palestiniana baseia-se agora nos novos 5 membros não permanentes no Conselho de Segurança que assumirão funções amanhã, no início do ano, e que parecem ser favoráveis à sua causa.
REACÇÃO ISRAELITA
Israel considerou a proposta palestiniana como uma "corrida de loucos" e uma "provocação."
Os diplomatas israelitas não deixaram no entanto de lamentar a posição da França nesta votação, que alegou ter votado a favor da proposta palestiniana por "uma necessidade urgente de agir."
Mas a derrota palestiniana e aparente vitória israelita não pode levar Israel a dormir tranquilo, uma vez que alguns dos países que não votaram a favor da proposta palestiniana concordam com algumas das posições palestinianas, como é o caso do Reino Unido cujo embaixador declarou "apoiar muito do conteúdo da proposta de resolução", acrescentando ainda: "é portanto com profunda tristeza que nos abstivemos."
NETANYAHU AGRADECEU
Benjamin Netanyahu fez um trabalho prévio de diplomacia, contactando as nações "amigas", num esforço para as demover de votarem a favor da proposta palestiniana, alegando "estar em causa" o próprio futuro de Israel.
"Quero expressar apreciação e gratidão aos Estados Unidos e à Austrália, bem como uma apreciação especial ao presidente do Ruanda, o meu amigo Paulo Kagame, e ao presidente da Nigéria, o meu amigo Goodluck Jonathan" - declarou Netanyahu esta manhã.
Shalom, Israel!
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