"Nunca nos deparámos com algo assim" - desabafou um dos membros da delegação de socorristas israelitas que ajudaram nos trabalhos de busca e resgate de corpos soterrados na tragédia de Brumadinho, Minas Gerais, Brasil.
Desde Domingo passado que os cerca de 130 membros da única delegação estrangeira enviada para o terreno - melhor seria dizer: para a lama - têm estado a trabalhar intensamente em cooperação próxima com os bombeiros e outras entidades brasileiras na tentativa de encontrar vítimas soterradas ainda vivas, parecendo no entanto que o único resgate a ser feito é o de corpos de pessoas e animais mortos na enxurrada de lama que segundo os dados de hoje matou 99 pessoas e provocou cerca de 260 desaparecidos.
Os militares e técnicos israelitas expressaram a sua frustração ao encararem tão difícil situação: "Não é uma operação clássica de busca e salvamento, não é algo para que estejamos treinados." E o comandante do grupo israelita explicou: "Fomos treinados para colapso de prédios e coisas semelhantes, mas este tipo de trabalho - extrair pessoas de debaixo da lama - não tínhamos ainda encontrado."
A equipa israelita de 130 militares das Forças de Defesa de Israel composta de engenheiros, médicos, socorristas, bombeiros e militares das missões especiais da Marinha chegou no passado Domingo à zona da tragédia, Brumadinho, devendo estar hoje mesmo a regressar a Israel.
Israel tem um historial de ajuda e socorro a outros países em situações de catástrofe, tal como aconteceu no México, Haiti, Filipinas, Japão, Turquia e Nepal.
Dos 99 mortos até agora encontrados, 35 foram resgatados pelas equipas israelitas. Apesar de não terem conseguido encontrar sobreviventes, as equipas israelitas conseguiram mesmo assim localizar 15 pessoas que se julgava estarem soterradas debaixo da lama, mas que estavam afinal vivas e de boa saúde em outro local próximo.
Segundo o comandante israelita, o desastre com a enxurrada de lama foi tão rápido e imprevisto, que alguns corpos foram encontrados com os seus telemóveis ainda ao ouvido, provando que ninguém teve tempo para escapar ao desastre.
Respondendo às críticas de que os israelitas não tinham trazido equipamento apropriado, o comandante israelita reagiu: "Não há nenhum equipamento no mundo que pudéssemos trazer para uma situação destas. Não há qualquer forma de localizar um corpo a dezenas de metros debaixo da lama."
A equipa das FDI trouxe consigo equipamento avançado que consegue sinalizar e localizar sinais de telemóvel, para além de equipamento de engenharia e de perfuração que "consegue fazer num minuto aquilo que uma equipa de 10 homens fará em uma hora."
A equipa israelita foi muito bem recebida e aplaudida pelas populações locais brasileiras.
AGRADECIMENTO DO PRESIDENTE BOLSONARO
Através das redes sociais, o presidente Bolsonaro, ainda em convalescença após mais uma intervenção cirúrgica, agradeceu efusivamente "as bravas tropas israelitas", Israel e o seu primeiro-ministro pela valiosa ajuda prestada ao povo brasileiro: "Agradeço, em nome do povo brasileiro, ao estado de Israel pelos serviços prestados em Brumadinho-MG em parceria com nossos Guerreiros das Forças Armadas e Bombeiros."