O violino tem sido sempre associado à história dos judeus. Exemplos disso são a comédia/filme
"Um violino no telhado", a associação de violinos às obras do pintor judeu Marc Chaggal e a arte musical do mundialmente famoso violinista Itzhak Perlman.
Qual a razão desta ligação? A resposta ainda é incerta, mas os estudiosos pensam que a ligação dos judeus ao violino já vem desde tempos remotos.
"Não parece que o violino tenha origem italiana. Parece mais de origem judaica" - afirma Monica Huggett, violinista e directora artística do Programa de Realização Histórica na Escola Juiliard, na cidade de Nova Iorque.
A origem do violino sempre tem sido obscura. Os estudiosos têm suspeitado que o percursor do violino, a "viola" foi inventada em Espanha na segunda metade do século 15 - antes da expulsão dos Judeus. Pouco depois da expulsão dos judeus, a viola surge na Itália, onde rapidamente se transforma no violino tal como hoje o conhecemos. Mas o mistério consiste em saber quem trouxe a viola para a Itália e quem é o responsável pelo seu desenvolvimento em violino.
Nestas últimas décadas, alguns estudiosos têm chegado à conclusão que os músicos judeus foram os responsáveis pela invenção do violino. A viola foi introduzida na mesma altura da expulsão dos judeus da Espanha, exactamente na época em que eles se foram estabelecendo pela Itália, acompanhando dessa forma a rota dos judeus.
Mais e mais entendidos de renome vão adoptando esta possibilidade, como Roger Prior, um professor aposentado da Universidade de Belfast, Irlanda, que após estudar a introdução da viola na corte inglesa, no século 16, ao que se supõe por músicos judeus expulsos de Portugal e Espanha, afirma o seguinte: "Não tenho nenhuma prova definitiva, mas há um montão de evidências de que os tocadores de viola eram judeus" - afirma.
Uma peça do puzzle tem - segundo Prior - a ver com um evento misterioso na História inglesa. Os estudiosos sempre souberam que em 1541 Henrique VIII recebeu informações de que havia "marranos" - judeus portugueses oficialmente "convertidos" ao Cristianismo mas que praticavam secretamente o Judaísmo - vivendo em Londres. Mandou então prender esses cripto-judeus. Prior diz que o rei Henrique VIII nunca se apressava a prender cripto-judeus, mas as circunstâncias eram excepcionais, pois ele estava tentando ganhar o favor do rei Carlos V, e prendendo dessa forma os cripto-judeus estaria a provar ser católico. O embaixador inglês junto ao rei Carlos louvou as prisões, mas subitamente a irmã de Carlos e o próprio rei e raínha de Portugal escreveram ao embaixador inglês na qualidade de defensores dos prisioneiros. Os cripto-judeus portugueses acabaram por ser libertos.
Apesar desta história ser sobejamente conhecida, a identidade destes judeus secretos portugueses foi sempre um mistério. Até que Prior ligou estas pessoas aos músicos na corte de Henrique VIII. Ele notou que os registos para apoiar a prisão dos portugueses veio de Milão, que é onde muitos dos tocadores de viola viviam antes de virem para Londres.
Prior estudou uma impressionante carta que o embaixador escreveu em 1542, referindo-se à prisão dos judeus portugueses: "Apesar do quão bem eles cantam, não conseguirão fugir das suas gaiolas sem que deixem algumas das suas penas para trás."
Segundo Prior, esta linguagem críptica não é mais um mistério: os pássaros a que o embaixador alude devem ser uma metáfora para músicos - especificamente o conjunto de músicos na corte do rei Henrique VIII.
Não é por acaso que os grandes nomes dos maiores violinistas do mundo são na maioria judeus: Jascha Heifetz, Isaac Stern, Yehudi Menuhin, David Oistrakh, Nathan Milstein, e Mischa Elman, entre outros.
A história do violino está também ligada à mobilidade de um povo como o judeu, e a cultura judaica tem o violino como um elemento chave, incluindo a própria sinagoga.
A cultura judaica tem uma riqueza impressionante e uma contribuição inquestionável no mundo da ciência e também das artes. Nada admira que a característica única do violino tenha algo ou tudo a ver com a característica de um povo que é também único na sua História e riqueza cultural.
Shalom, Israel!