O candidato a primeiro-ministro nas próximas eleições em Israel, Benny Gantz, líder do partido "Azul e Branco" e primeiro-ministro em alternância no actual governo de coligação, expressou a sua esperança de que a paz no Médio Oriente possa começar a ser atingida ao tentar-se resolver o conflito israelo-palestiniano.O que não se esperava é que ele aceitasse a ideia de permitir que uma parte da capital Jerusalém fosse entregue aos palestinianos para a sua futura hipotética capital.
Segundo Gantz, actual ministro para a Defesa, Jerusalém deve permanecer uma cidade unida, mas deve permitir espaço nas suas fronteiras para uma capital palestiniana. Essa afirmação inacreditável e inaceitável foi publicada hoje mesmo no jornal saudita sediado em Londres "Asharq al-Awsat": "É uma cidade muito espaçosa e repleta de lugares sagrados para todos."
Referindo-se ao actual conflito com os palestinianos que ele alegou querer ver resolvido, Gantz abordou a questão sensível de Jerusalém, um dos maiores "espinhos" nas negociações entre ambas as partes. Tanto a comunidade internacional como os palestinianos sustentam a ideia de que Jerusalém oriental, que inclui a Cidade velha, deverá ser a capital de um futuro e hipotético estado palestiniano. O governo de Israel acredita entretanto que uma Jerusalém unida deve permanecer nas suas mãos como capital do estado judaico. A declaração de Gantz, para além de ambígua, jamais será aceite pela maioria da população de Israel, muito menos a de Jerusalém.
Para Gantz, os palestinianos têm que fazer parte do processo de paz. Segundo ele, o actual processo com o mundo árabe é "uma grande e real oportunidade", pelo que o seu desejo é que os palestinianos façam parte deste processo e não fiquem "no banco de trás."
Questionado sobre se estaria preparado para pagar o preço para a paz com os palestinianos, Gantz afirmou: "Os palestinianos querem e merecem uma entidade na qual possam viver de forma independente. Pode ser um estado ou um império. Chamem-lhe o que quiserem. Eles têm o direito de se sentirem independentes e ter uma capital. Temos de conversar numa linguagem nova e moderna sobre formas de resolver o conflito e não ficarmos agarrados ao discurso tradicional. Nós, por nossa parte, queremos separar-nos deles e ter garantias para a nossa segurança. Se concordarmos nas questões de segurança, a solução política virá facilmente. Teremos de achar não apenas soluções para problemas, mas ter cooperação profunda nas áreas da economia, ciência, tecnologia, educação, e tudo. Esta é uma oportunidade histórica."
Gantz afirmou ao jornal saudita que gastou 38 anos da sua vida combatendo nas Forças de Defesa de Israel, e é por isso que quer a paz. "Os generais no exército, que viram e provaram os horrores da guerra, são os que mais querem a paz."
Respondendo a uma questão que lhe foi posta sobre as futuras fronteiras de um estado palestiniano, Gantz disse que Israel precisa do vale do Jordão por questões de segurança.
Logo que esta entrevista foi conhecida, a direita israelita "atacou" de imediato as suas declarações sobre Jerusalém e a sua aceitação de um estado palestiniano: "Jerusalém é a capital de uma só nação. É a capital eterna do povo judeu. É a capital do estado de Israel" - afirmou o ex-presidente do município de Jerusalém e actual deputado do Likud, Nir Barkat.
Ze'ev Elkin, do Likud, e ministro para a Educação e Recursos da Água, comentou: "Benny anda confuso. Não há espaço numa Jerusalém unificada para uma capital palestiniana - não há, nem nunca haverá. É simplesmente isto. Não!"
O Movimento da Soberania apelou a Netanyahu para que responda a Gantz, aplicando imediatamente a soberania na região da Grande Jerusalém que abarca a "Margem Ocidental", incluindo Gush Etzion e o assentamento de Ma'aleh Adumim.
Shalom, Israel!