Terminou há pouco o encontro em Washington entre o presidente norte-americano Joe Biden e o primeiro-ministro israelita Naftali Bennett. A reunião na Casa Branca estava agendada para ontem à tarde, mas devido ao terrível atentado em Cabul teve de ser adiado para esta manhã. Certamente que não terá sido fácil para Biden tirar a sua mente da tragédia de ontem no aeroporto de Cabul, que vitimou mais de 100 pessoas, incluindo 13 militares norte-americanos, mas devido à importância do encontro com o líder do governo israelita que juntamente com ele enfrenta a ameaça de ver em breve um Irão armado com a bomba nuclear, a reunião acabou por ter lugar em privado com a duração de 50 minutos, precisamente o dobro dos 25 minutos planeados. Segundo Joe Biden, o seu governo prefere a via diplomática para evitar que o Irão consiga a bomba nuclear, mas, se tal falhar, os EUA estarão dispostos a considerar "outras opções" para assegurar que o Irão nunca obtenha a bomba.
Biden partilhou com os jornalistas presentes a alegria de estar com o líder israelita: "É óptimo termos aqui o primeiro-ministro. Temo-nos tornado grande amigos...Ele lidera e encabeça o mais diversificado governo da História de Israel." E prosseguiu: "Temos aqui uma enorme agenda, começando com a covid...abordando os nossos mútuos programas de vacinação bem sucedidos."
Mudando depois a sua atenção para assuntos regionais, Biden disse: "Iremos também abordar o firme compromisso que temos nos Estados Unidos com a segurança de Israel." E acrescentou: "Eu apoio em pleno, em pleno, em pleno (repetiu) o refornecimento do sistema de segurança israelita Cúpula de Ferro."Bennett, por seu lado, começou apresentando as suas condolências e a sua "profunda tristeza" aos EUA pelo massacre de ontem, em Cabul. Bennett afirmou que os soldados norte-americanos mortos estavam lá para salvar vidas e que essa é a última forma de heroísmo. O primeiro-ministro prosseguiu depois agradecendo o apoio de Biden a Israel, acrescentando que "não é nada de novo." Bennett afirmou que Biden sempre esteve ao lado de Israel, "especialmente nos tempos difíceis", acrescentando que "é aí que a verdadeira amizade é realmente testada." Bennett salientou o apoio de Biden durante a guerra com o Hamas, em Gaza, e afirmou: "Confiamos no seu apoio, sr. presidente, e Israel sabe que não temos nenhum aliado melhor ou mais confiável no mundo do que os Estados Unidos da América."
No início das suas declarações, Bennett declarou que tinha chegado a Washington "da nossa eterna capital Jerusalém" com "um novo espírito de boa vontade" para trabalhar com a nova administração norte-americana. Bennett salientou que apesar da diversidade de opiniões no seu governo, "todos partilhamos uma profunda paixão para construir um futuro melhor para Israel."
Bennett referiu-se ainda às difíceis circunstâncias em que o seu país vive, afirmando: "Não podemos perder de vista nem por um único momento que estamos no meio da vizinhança mais dura do mundo." Referindo-se aos grupos terroristas que rodeiam Israel, Bennet afirmou: "eles querem matar-nos, eles querem aniquilar o estado judaico." E acrescentou: "É por isso que Israel tem de estar imensamente mais forte do que todos os nossos inimigos...juntos." Bennett agradeceu ainda a Bennett por "fortalecer a vantagem estratégica de Israel na região."SOBRE O IRÃO
"Fiquei contente ao ouvir as suas claras palavras de que o Irão nunca será capaz de adquirir uma arma nuclear e que enfatiza a tentativa da via diplomática, mas que há outras opções caso a diplomacia não funcione."
"Estes dias ilustram precisamente como o mundo seria se um regime radical islâmico adquirisse uma arma nuclear...esse casamento seria um pesadelo nuclear para o mundo inteiro" - afirmou Bennett, referindo-se obviamente ao ataque terrorista de ontem que provocou mais de 170 mortos, incluindo 13 militares norte-americanos.
"O Irão é o campeão mundial na exportação do terrorismo, instabilidade e violações dos direitos humanos. E enquanto estamos aqui sentados, os iranianos estão acelerando as suas centrifugadoras em Natanz e Forgdo. E nós temos de os parar." Bennett informou que apresentou ao presidente Biden 2 planos israelitas para lidar com o Irão, direccionados às suas agressões regionais e visando também "manter permanentemente o Irão afastado de alguma vez conseguir a arma nuclear." O primeiro-ministro recordou ainda a Biden que Israel nunca pediu nem pedirá aos EUA para enviar tropas para defender Israel. "É a nossa responsabilidade. Nunca nos descuidaremos com a nossa segurança. É nossa responsabilidade tomar conta do nosso destino. Mas estamos-lhe muito gratos pelas ferramentas e pelo respaldo que nos tem dado e que nos está a dar."
REFERÊNCIA BÍBLICA
Bennett terminou as suas declarações à imprensa na Sala Oval citando em hebraico o profeta Isaías. Biden havia já ontem citado o mesmo profeta nas suas declarações após as explosões em Cabul. "Levanta os teus olhos ao redor, e olha: todos estes que se ajuntam vêm a ti. Vivo Eu, diz o Senhor, que de todos estes te vestirás, como dum ornamento, e te cingirás deles como noiva" - Isaías 49.18.
Bennett passou depois a explicar esta mensagem ao presidente norte-americano: "O que esta passagem significa é que os filhos e filhas do povo judeu estarão vindo para a nossa terra, irão alimentar a nossa antiga terra e reconstruí-la. E esta antiga profecia bíblica é hoje realidade em Israel. E é um milagre ter sido tão central e tão parte da mesma por tantos anos."
"Assim, sr. presidente, hoje, o sr. e eu - e foi tão generoso comigo (com o seu tempo) nestes dias difíceis - o sr. e eu iremos escrever mais um capítulo na bela história da nossa amizade entre as nossas duas nações, os Estados Unidos da América e o estado democrático judaico de Israel."
"Obrigado, sr. presidente, anseio trabalhar consigo agora e por muitos mais anos" - concluiu Bennett.
Biden agradeceu por sua vez, dando no entanto o crédito a Barack Obama.
Shalom, Israel!