Uma equipa de arqueólogos israelitas liderados pelo professor Mordechai Aviam, do Colégio Kinneret, pensa ter encontrado as ruínas de Betsaida, a antiga cidade natal do apóstolo Pedro e local onde segundo o Novo Testamento Jesus realizou muitos milagres.
Esta descoberta inesperada foi o resultado de um grande incêndio de 3 dias que pôs a nu as ruínas de el-Araj, na parte Norte do Mar da Galiléia. Segundo Aviam, el-Araj é a antiga cidade bíblica de Betsaida.
"O fogo ajudou-nos bastante no reconhecimento deste sítio" - declarou o arqueólogo.
"Após o incêndio, realizámos um reconhecimento do terreno e percebemos que o sítio era bem maior do que pensávamos" - afirmou, acrescentando: "Identificámos ruínas de casas privadas, bem como elementos arquitectónicos típicos de edifícios públicos, incluindo bases de pilares, dois capitéis coríntios, dois capitéis dóricos, e várias cornijas".
Aviam acredita que as antigas ruínas podem ser datadas dentro do período romano, quando Jesus viveu em Israel. A sua avaliação baseia-se no estilo arquitectónico das ruínas descobertas no local. O professor defende ainda que as ruínas alinham-se com a descrição feita sobre a antiga localidade pelo historiador do 1º século, o judeu romano Flávio Josefo na sua obra "Antiguidades dos Judeus."
"Filipe (filho de Herodes o Grande) promoveu a aldeia de Betsaida, situada no lago de Genesaré, à posição de cidade, tanto pelo seu número de habitantes, como pela sua grandeza, tendo-lhe dado o nome de Julias, o mesmo nome da filha de César" - assim reza um excerto da obra de Flávio Josefo.
"À luz do que Flávio escreveu, Betsaida não poderia ter sido uma pequena aldeia" - afirmou Aviam.
As escavações têm estado a ser realizadas na região em colaboração com um geógrafo histórico norte-americano.
O arqueólogo revelou que a sua equipa descobriu uma antiga inscrição grega dedicando a Igreja ao "Cabeça e Líder dos Mensageiros Celestes", e "Guardador das Chaves" - referências tradicionais a São Pedro.
Apesar dos fortes indicativos da descoberta, Aviam é mesmo assim cauteloso nas suas conclusões: "Não temos a prova de que esta era a casa de Pedro, mas os construtores podem ter acreditado ser esta a casa de Pedro e André. É exactamente como em Cafarnaum, onde a igreja foi construída por cima do que se considera ter sido a casa de Pedro. Pedro nasceu em Betsaida, mas mudou-se depois para Cafarnaum, de onde era a sua esposa."
"A aldeia judaica foi abandonada entre os séculos terceiro e quarto, talvez por causa da subida das águas do lago que terão causado inundações. Mais tarde, no século 5º, os primeiros cristãos que chegaram ao sítio identificaram-no como sendo Betsaida e iniciaram a construção da igreja."
Aivam explicou a complexidade dos desafios que os arqueólogos enfrentam quando tentam "destapar" o passado: "A arqueologia é uma ciência da destruição, pois que quando expomos algo, isso começa a deteriorar-se. Por isso, se já tivermos as respostas de que necessitamos, estamos já certos que as estruturas são do período romano, entre o 1º século a.C. e o 1º século d.C., pelo que não precisamos de escavar mais casas para o provar."
O incêndio de há dias que permitiu a descoberta destas ruínas lavrou pelas mesmas, mas, para espanto de muitos, parou junto às ruínas da igreja! Os contentores que ali se encontravam ficaram calcinados, mas as ruínas da antiga igreja foram poupadas!
Shalom, Israel!