O dia de ontem assinalou a efeméride anual do "Dia da Partida e Expulsão de Judeus de países Árabes e do Irão", comemorando o desenraizamento de antigas comunidades judaicas nessas regiões após a independência do estado moderno de Israel em 1948.
Perto de um milhão de judeus foram assim expulsos desde Marrocos, a Ocidente, até o Irão, no Oriente, onde já viviam em eras pré-islâmicas, portanto historicamente enraizados nessas regiões. No total, contam-se em cerca de 850 mil os judeus que fugiram aos pogroms antissemitas ou que foram expulsos de nações árabes, ao que se juntam uns 100 mil fugidos do Irão.
Segundo estimativas do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel, viviam cerca de 265.000 judeus em Marrocos em 1948, 140.000 na Argélia, 105.000 na Tunísia, 38.000 na Líbia, e 100.000 no Egipto. Num Médio Oriente mais amplo, inclui-se a existência de 135.000 judeus no Iraque, 60.000 no Iémen, 30.000 na Síria, e 7.000 no Líbano.
A vasta maioria de judeus do Norte de África e do Médio Oriente realojaram-se no recém-formado estado judaico, bem como na França, Reino Unido, Itália e Estados Unidos.
Menos de 10.000 judeus residem actualmente em países árabes, como resultado daquilo que foi de facto uma "limpeza étnica" e apropriação indevida de propriedade judaica avaliada em biliões de dólares.
Israel designou o dia 30 de Novembro - o dia seguinte ao da histórica decisão da partição da Palestina entre judeus e árabes pela ONU - como o dia anual para assinalar a expulsão dos judeus do Médio Oriente.
"Não é por acaso que este dia é assinalado a seguir ao 29 de Novembro" - afirmou Netanyahu, acrescentando - "Os países árabes, que nunca aceitaram a declaração da ONU para o estabelecimento de um estado judaico, forçaram os judeus que viviam nos seus territórios a abandonar as suas casas, deixando para trás todos os seus bens."
"Em várias situações, as deportações foram acompanhadas de pogroms e de violência contra os judeus. Temos agido, e continuaremos a agir para que tanto eles como as suas reivindicações não fiquem esquecidas."
O mundo árabe muçulmano rejeitou completamente o plano da ONU para a partição do Mandato Britânico na Palestina em dois estado separados, judeu e árabe. Apesar de algumas reservas, a liderança judaica aceitou o plano. Uma das objecções judaicas tinha a ver com a exclusão de Jerusalém das áreas propostas como parte de um futuro estado judaico. Foi então que rebentaram pogroms anti-judaicos pelo mundo árabe e muçulmano como resultado do voto de 29 de Novembro de 1947. No Iémen, por exemplo, foram assassinados 82 judeus durante o pogrom "Aden" (30 de Novembro - 2 de Dezembro de 1947). Em Aleppo, na Síria, centenas de residências de judeus foram queimadas e sinagogas antigas e rolos da Torá destruídos por multidões.
Omri Schwartz descreveu a expulsão dos seus avós do Iraque: "Os meus avós, tal como toda a comunidade judaica do Iraque, foram expulsos após 2.000 anos de presença no país. Depois da vitória israelita em 1948, a população vingou-se contra os judeus no mundo árabe, os seus vizinhos. Os judeus tiveram de fugir, e na maioria dos casos, sem nada."
"Parece quase inacreditável, mas os judeus representavam 20% da população de Bagdade. Hoje, só há 4 judeus em todo o Iraque."
Enquanto a comunidade internacional tem desde há muito focado a sua atenção na situação difícil dos refugiados árabes da guerra de 1948 entre judeus e árabes, os refugiados judeus do mundo árabe e do Irão têm sido praticamente ignorados.
No decorrer de uma reunião do Conselho dos Direitos Humanos da ONU, em 2017, Hillel Neuer, o então director do Observatório da ONU, sublinhou a história negligenciada dos refugiados judeus do Médio Oriente, os quais representam actualmente cerca de metade da população judaica em Israel:
"Quantos judeus vivem nos vossos países? Quantos judeus é que viviam no Egipto, Iraque, Jordânia, Quwait, Líbano, Líbia, Marrocos?" - questionou Neuer.
"Houve uma época em que o Médio Oriente estava cheio de judeus. A Argélia tinha 140.000. Argélia: onde é que estão os vossos judeus? O Egipto tinha 75.000 judeus. Onde é que estão os vossos judeus? A Síria tinha dezenas de milhares de judeus. Onde estão os vossos judeus? O Iraque tinha mais de 135.000 judeus. Onde estão os vossos judeus?"
Apesar do trauma da expulsão, alguns judeus do Médio Oriente têm mantido laços culturais com os seus países de origem. Como resultado do estabelecimento de relações diplomáticas entre Marrocos e Israel em 2020, os judeus marroquinos têm surgido como uma importante ponte cultural entre as duas nações.
Shalom, Israel!


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