quinta-feira, setembro 05, 2019

MOSAICOS DESCOBERTOS PERTO DO LAGO DA GALILÉIA PODEM REDEFINIR LUGAR DA MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES E DOS PEIXES

Mosaicos anormalmente coloridos numa recém descoberta Igreja Bizantina do 6º século podem "recolocar" o lugar verdadeiro onde ocorreu o milagre da multiplicação dos pães e dos peixes para bem longe do lugar tradicional, ou seja: exactamente para o outro lado do Lago da Galiléia. A conclusão não é contudo pacífica, havendo discordância quanto ao verdadeiro lugar do milagre realizado pelo Messias Jesus há quase 2 mil anos.
Os mosaicos agora descobertos exibem peixes, pássaros e cestos com o que se julga serem pães, podem ser comemorativos do lugar da multiplicação dos pães e dos peixes. Esta é pelo menos a opinião do arqueólogo responsável pelas escavações, o Dr. Michael Eisenberg, da Universidade de Haifa.

Estes mosaicos coloridos foram descobertos durante as actuais escavações em Hippos-Sussita, em pleno Parque Natural Sussita, também conhecido como da "Igreja Queimada."
Estes mosaicos com um comprimento de 15 metros e 10 de largura fervilha com imagens de peixes, pássaros e 12 cestos plenos de frutos, flores e, segundo parece, pães. O lugar tradicional da multiplicação é em Tabgha, assinalado pela Igreja da Multiplicação ali erigida, e em cujo interior se pode encontrar também um pequeno mosaico contendo a gravura de 2 peixes em cada um dos lados de um cesto que também contém pães. 
Mas é a combinação de cestos carregados de peixes e pães que leva o arqueólogo a acreditar que este será o lugar verdadeiro do notável milagre de Jesus.

"O simbolismo por detrás (dos mosaicos) e o posicionamento da Igreja no local perfeito, sobranceiro ao Mar da Galiléia, onde a maior parte dos Seus (de Jesus) milagres tiveram lugar, significa que me sinto confiante de que o povo reconhecia e interagia com os lugares físicos e geográficos onde os milagres ocorriam" - afirmou o arqueólogo.
Segundo Eisenberg, os mosaicos exibem peixes, dois dos quais ocupam uma posição privilegiada no abside da Igreja, bem como 12 cestos, alguns dos quais cheios de romãs e talvez um com maçãs e flores. Outros cestos - assim ele acredita - chamam mais directamente a atenção para o bem conhecido milagre e estão repletos de pães. Um tem 5 pães, um ou dois têm 7 pães, e dois com 6 pães.

CONSTRUÍDA NO 5º E 6º SÉCULOS D.C.
A assim chamada "Igreja Queimada" foi construída em duas fases, na segunda metade dos séculos 5º e 6º - afirmou Eisenberg - e os mosaicos, incluindo pelo menos três inscrições, parecem ser do 6º século. 
Segundo o arqueólogo, um dos aspectos singulares dos mosaicos da "Igreja Queimada", é que "são muito simples, naive, e até charmosos na sua natividade. Foram encomendados pela população local, o que os torna ainda mais interessantes a nível de pormenores." Cerca de 20 por cento dos mosaicos ainda estão por escavar.

DOIS MILAGRES DE MULTIPLICAÇÃO DE PÃES E PEIXES
Segundo o relato contidos nos Evangelhos, Jesus realizou pelo menos 2 milagres de multiplicação de pães e peixes, tendo o primeiro sido realizado com 5 pães e 2 peixes, os quais, após multiplicados, serviram para alimentar uma multidão de 5 mil homens, sem contar mulheres e crianças. 
O segundo milagre, que alimentou 4 mil homens, foi realizado através da multiplicação de 7 pães e pequenos peixes.
É interessante que a primeira multiplicação foi para judeus, tendo os apóstolos recolhido 12 cestos de pães (para as 12 tribos). Na segunda multiplicação, houve sobras suficientes para encher 7 grandes cestos, sendo o número sete simbólico dos gentios. 
"Os peregrinos guardam a memória deste segundo milagre em Tel Hadar" - afirmou o Dr. Francesco Giosuè Voltaggio, arqueólogo e sacerdote católico na Galiléia. Tel Hadar fica localizada a cerca de 10 quilómetros a Norte da localidade de Hippos/Sussita onde se encontra a "Igreja Queimada."

MOSAICO DE TABGHA
O arqueólogo israelita Eisenberg reconhece o lugar tradicional da multiplicação como sendo Tabgha, mas sugere ao mesmo tempo que uma leitura cuidadosa do texto mostra algo de diferente: "Jesus caminhou sobre o mar em direcção a Tabgha após o milagre dos pães e dos peixes. Como é que o milagre poderia então ter ocorrido ali?" - questiona ele.
Ainda que alguns duvidem da existência de dois milagres de multiplicação de pães e peixes, alegando tratar-se apenas de dois relatos do mesmo milagre, a verdade é que a nova descoberta "reavalia a historicidade de dois milagres", que segundo os Evangelhos ocorreram nos dois lados do lago da Galiléia. 
"Os dois locais, Tabgha e Sussita, não se opõem" - afirmou Voltaggio.
Nem todos os arqueólogos partilham a mesma opinião de Eisenberg. Alguns acham que os cestos não contêm pães, mas sim frutos, tal e qual se pode ver em muitos outros mosaicos da época. Essa é pelo menos a opinião assumida pela Dra. Anat Avital, perita em mosaicos do período bizantino. 

UMA CONCEPÇÃO DIFERENTE DA "MENSAGEM" DOS MOSAICOS
Segundo a Dra. Avital, as imagens patentes nos mosaicos encontrados em Israel e na Jordânia são pare ser interpretadas literalmente, demonstrando assim que "se vieres à Igreja e acreditares em Deus, terás muitos e bons frutos para comer."
E acrescentou: "A representação de recompensa é simbólica de uma das coisas mais fundamentais nas nossas vidas: a necessidade de comer."
Na opinião desta perita nos mosaicos bizantinos, é raro encontrar arte simbólica nas Igrejas da época bizantina. Pelo contrário, "os artistas mostravam a vida terrena, as coisas mais indispensáveis à vida, como o ar, a água, comida e a protecção contra os inimigos, bestas, etc."
Para Avital, o número de cestos não tem qualquer significado, uma vez que "temos que entender que a maior parte das pessoas eram iletradas", e os mosaicos exibiam temas "de uma maneira simples de entender, não através de pistas, como nos dias actuais."
A conclusão é que nestas questões não há certezas absolutas, apenas "discussões saudáveis".
A verdade absoluta é que os milagres realmente aconteceram, e abençoaram milhares de homens e mulheres que na altura puderam constatar "ao vivo e a cores" o poder do Filho de Deus, e as bênçãos que Ele lhes providenciou através destas manifestações de solidariedade e misericórdia.

Shalom, Israel!

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