quinta-feira, setembro 06, 2018

CRÓNICAS DE UMA MEMORÁVEL EXCURSÃO A ISRAEL - 5ª Parte

JERUSALÉM, 28 DE AGOSTO DE 2018

A manhã estava aprazível. Acalentados pelo farto e variado pequeno-almoço, os 59 participantes da nossa excursão aventuraram-se pelas ruas milenares da capital eterna de Israel, decidindo iniciar o dia com uma paragem junto à Porta de Sião, uma das 8 que dão acesso à cidade antiga de Jerusalém.
As explicações sobre os locais que iríamos visitar não tardaram a preencher a curiosidade e o interesse de muitos dos participantes - não de todos, uma vez que há sempre um punhado de pessoas cujo interesse parece centralizar-se à volta das selfies pessoais e pouco mais... Diante de nós estava um dos portões mais importantes da História recente da capital judaica. Patentes nas paredes sobranceiras estão bem visíveis as marcas das centenas de balas disparadas durante a conquista da Cidade pelas forças judaicas em 1948.

MONTE SIÃO
O  Monte Sião, uma das 7 colinas que rodeiam a Cidade Santa, é ponto obrigatório de visita para judeus e cristãos, uma vez que ali se podem conhecer o túmulo do rei David e o Cenáculo.
Não se sabe ao certo onde se encontra sepultado o grande rei de Israel, pelo que o túmulo que ali se encontra é meramente simbólico, mas lugar de "peregrinação" para os muitos judeus religiosos - homens e mulheres em separado - que ali vêm orar.
Subir à sala do "Cenáculo" é recordar os dois grandes acontecimentos que ali tiveram lugar: a Ceia do Senhor celebrada durante a Páscoa com o Messias Jesus e Seus discípulos, e o lugar onde os 120 discípulos se reuniam quando sobre eles desceu o Espírito Santo durante a manhã da festa judaica das Semanas (Pentecoste), e que iniciou a História da Igreja de Cristo.
Tal como o lugar do túmulo do rei David, o Cenáculo é também um lugar simbólico, de construção antiga, usado pelos cruzados e transformado em santuário pelos muçulmanos, obviamente muito acima do lugar original que, segundo se crê, estará localizado nas imediações.
 
MONTE DAS OLIVEIRAS
Não há lugar mais sensível ao coração dos crentes como o Monte das Oliveiras, de onde se desfruta de uma vista esplendorosa do Monte do Templo e de toda a Cidade de Jerusalém!
Tentar descrever a sensação de estar no lugar onde o nosso Messias tantas vezes dormiu, por onde caminhou, onde ensinou, e onde mais explicitamente decidiu vencer o drama que se Lhe colocava, o da nossa salvação, obrigando-O ao sacrifício mais cruel e injusto alguma vez sofrido por um ser humano, tentar explicar toda essa sensação que se apodera de nós quando ali estamos é um esforço inglório, inútil e apenas conseguido quando ali estamos pisando aquele chão onde se desenrolou o culminar do plano de Deus para a nossa salvação.
Ali pudemos meditar um pouco sobre o futuro, quando o Messias entrar vitorioso por aquela porta oriental - o portão dourado - a única ainda fechada das 8 construídas pelo sultão Sulimão, no século 16. Sabemos pelas Escrituras que Jesus descerá triunfalmente pelo Monte das Oliveiras e entrará pela porta oriental, até à Sua Cidade, estabelecendo ali o Seu trono de paz e de justiça e dando início ao Seu Reino Milenar.
Do cimo do Monte das Oliveiras tem-se uma vista privilegiada da cúpula de várias igrejas e do maior cemitério judeu do mundo.

JARDIM DO GETSEMANE - Neste recanto do jardim privado foi-nos permitido estar uma hora, que dividimos entre uma meditação dirigida pelo Pr. Carlos Cerqueira e por um tempo de oração a sós ou em pequenos grupos. São estes momentos de oração no Jardim do Getsemane, rodeados de oliveiras e de outra vegetação que marcam para sempre as nossas memórias, pois não são poucas as pessoas que já viram as suas orações feitas naquele lugar respondidas num curto espaço de tempo, havendo até relatos de pessoas que se converteram a Jesus ali mesmo, no lugar onde Ele orou a nosso favor.
 
INSTITUTO DO TEMPLO
A tarde merecia algo mais leve e contemplativo. Era chegada a altura de conhecer o que está a acontecer no sentido material para a concretização do grande sonho de muitos judeus: a construção do Terceiro Templo de Jerusalém!
E, apesar do cansaço visível em alguns dos mais velhos do grupo, lá conseguimos ascender os degraus que nos levaram até ao "Instituto do Templo", para uma visita muito interessante e demonstração dos materiais usados no antigo Templo e já preparados para dar entrada no próximo que aquela organização religiosa espera ver construído muito em breve!
Para os apaixonados por escatologia bíblica, visitar o Instituto do Templo é como deixar uma criança numa loja de doces, tal é o fascínio daquilo que é a aprendizagem teórica nos bancos da Escola Dominical e das Escolas Bíblicas e que agora se torna real e patente diante dos nossos olhos, desde as vestes sacerdotais aos utensílios usados para os sacrifícios no Tabernáculo e no Templo de Jerusalém. 
 
Caminhando pelas ruas do bairro judaico, deparámos com o grande menorah, ou candelabro de ouro, exposto diante da bela sinagoga de Hurva, e percorremos ainda parte do famoso "cardo romano", o piso original da Cidade nos dias do império romano, portanto de Jesus.

TÚMULO DO JARDIM
Nada melhor para encerrar o dia do que descansar neste belo jardim, propriedade de uma associação cristã evangélica, onde se situa um túmulo escavado na pedra, que tudo leva a crer datar do 1º século, próximo a uma enormíssima cisterna onde cabe literalmente 1 milhão de litros de água, e onde se pode também encontrar um lagar de uvas e uma propriedade que se depreende ter pertencido a um homem rico, talvez José de Arimatéia. Muitos sinais indicadores levam a acreditar que terá sido ali mesmo que o Messias foi sepultado durante 3 dias, tanto mais que mesmo a escassas dezenas de metros se encontra um grande rochedo, com sinais claros de parecenças com uma caveira, e que era local de apedrejamento nos dias do Senhor. 

Não tendo a certeza de que foi mesmo ali que o Senhor Jesus foi sepultado, a grande e incontestável verdade é que o túmulo está vazio, tornando-se assim um lugar de visita obrigatória para a celebração da Ceia do Senhor. E assim fizemos nós também, lembrando a morte e a ressurreição do Messias como base essencial e incontornável da nossa fé.
Mais uma vez liderados pelo capelão brasileiro João Batista, o grupo pôde ouvir as explicações e entrar no túmulo, para mais tarde se dirigir a um dos espaços protegidos pelas acolhedoras sombras para a celebração do memorial da Ceia do Senhor.

Foi na verdade um dia exaustivo, mas compensador e repleto de memórias que agora já inundam as nossas mentes...

Continua...


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