A passada sexta-feira assistiu a um gigantesco passo de aproximação entre a Arábia Saudita sunita e o Irão xiita, dois inimigos em guerra indirecta que agora, por intermediação da China comunista, decidiram reatar as suas relações políticas.
Esta súbita e inesperada reaproximação deu-se exactamente um dia depois de a Arábia Saudita ter estabelecido aos Estados Unidos as suas condições para a normalização das relações com Israel...
Com este acordo intermediado pela China, os dois países comprometeram-se a abrir as respectivas embaixadas no prazo de dois meses.
Este acordo surge a meio das negociações entre ambas as partes visando pôr um fim ao conflito no Iémen, em que o Irão e a Arábia Saudita se encontram em lados opostos.Dentre as exigências sauditas propostas aos EUA visando a normalização das relações com Israel, destacam-se o apoio a um programa nuclear alegadamente para fins civis, menos restrições na venda de armas, e garantias de segurança. Estranhamente, a lista de exigências não inclui um estado palestiniano como condição prévia para o restabelecimento de relações políticas com o estado judaico - algo que por diversas vezes os sauditas incluíam como um requisito prévio.
PREOCUPAÇÃO EM ISRAEL
Esta normalização das relações entre o maior inimigo de Israel - o Irão - e a Arábia Saudita, com quem Israel estava a conseguir uma aproximação visando a normalização das relações políticas, apresenta um novo desafio ao estado judaico, já a braços com uma grave crise social interna.
Políticos israelitas acusam a administração Biden e a anterior governação de esquerda israelita de fraqueza política, levando a que os sauditas se tenham voltado para outros negociadores capazes de estabelecer um acordo com os iranianos. E a China, cada vez mais preponderante em assuntos do Médio Oriente, aproveitou o vazio gerado pela débil administração norte-americana para dar mais um passo na consolidação da sua presença na região.
Para o governo israelita este recente acordo vai minar a possibilidade de uma frente unida contra o Irão, constituindo-se agora um desenvolvimento político muito sério e perigoso.
O campo politico regional era até agora politicamente dominado pelas duas maiores potências históricas - os EUA e a Rússia - contudo a entrada da China nesta bem sucedida mediação entre dois países islâmicos religiosa e politicamente opostos coloca esta nova grande potência na ribalta e na liderança dos conflitos regionais do Médio Oriente. E isso é preocupante para Israel.
Com uma atitude beligerante para com o Ocidente, o regime ditatorial comunista do agora reeleito presidente Xi Jiping aproxima-se agora perigosamente de uma região já de si explosiva, percebendo-se desde logo a existência de grandes interesses comerciais no petróleo saudita, ao mesmo tempo que se vai notando da parte dos norte-americanos um crescente desinteresse no envolvimento político na região. Tudo tem a ver com o petróleo saudita do qual os EUA já não necessitam, uma vez que estão praticamente auto-suficientes em questões de energia, mas que os chineses absorvem vorazmente para o seu consumo, tornando-se já de longe o maior consumidor do petróleo do Médio Oriente.
A meio das sanções económicas impostas pelo Ocidente, o Irão voltou-se para a China, de onde já dependem 30% das suas exportações. A China comprometeu-se entretanto a ajudar o Irão com investimentos de 400 biliões de dólares durante os próximos 25 anos.
Toda esta conjuntura e realinhamento constitui uma óbvia preocupação para Israel. Com uma maior presença russa e chinesa nesta conturbada região, um ataque israelita às instalações nucleares iranianas torna-se mais complicada, quando não até dificultada. A pergunta a fazer é simplesmente esta: o que é que tem até agora impedido Israel de levar a cabo essa acção preventiva? Com este constante adiar dessa decisão, as hipóteses tornaram-se agora bastante mais ténues...
Shalom, Israel!
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