quarta-feira, outubro 28, 2020

DESCOBERTAS EM BANIAS RUÍNAS DE UMA DAS MAIS ANTIGAS IGREJAS EM ISRAEL

 

Exactamente no lugar onde Jesus foi confessado por Pedro como sendo o verdadeiro Messias, o Filho de Deus, e onde Ele mesmo pela primeira vez prometeu o estabelecimento da Sua Igreja - não a de Pedro... - foram agora descobertas as ruínas daquela que se crê poderá ser uma das mais antigas igrejas em Israel.

Banias - a bíblica Cesaréia Filipe mencionada nos Evangelhos - é um dos pontos mais belos e tranquilos do Norte de Israel. É ali que se pode ver uma das nascentes do Jordão. Confesso que é um dos lugares que mais amo naquela Terra e onde sinto uma indescritível tranquilidade. Nas nossas visitas durante o Verão somos abençoados pelo cheiro penetrante das muitas figueiras ali existentes e pela frescura das águas frescas provenientes dos Montes Hermon. Rodeados das ruínas daquilo que foi um panteão do culto a vários deuses e demónios - em especial o deu grego Pan - podemos visualizar o que seria aquela cidade pagã e idólatra nos dias do Messias. Sempre penso que não foi por acaso que Ele escolheu precisamente aquele lugar específico para confrontados com a inúmera quantidade de panteões de idolatria à sua volta, os discípulos tiveram de confessar a sua fé no verdadeiro Deus incarnado: "E vós, quem dizeis que Eu sou? E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo!" A partir daquela confissão, os discípulos começam a entender os propósitos do Messias; escolher um povo, o qual iria separar para Si, ao qual chamou de "a Minha Igreja."

No sopé das majestosas quedas de água que ali jorram foram agora descobertos os restos daquilo que foi uma igreja bizantina construída por volta do ano 300 d.C. por cima do antigo templo romano ao deus grego Pan, que deu o nome a este parque natural. O nome actual Banias deriva de Pan+ias, uma vez que os árabes não conseguiam pronunciar a letra "b". Percebe-se pelas ruínas que os construtores cristãos da época adaptaram o templo pagão para satisfazer as necessidades desta "nova religião." Pelo menos é assim que acredita o professor Adi Erlich, da Universidade de Haifa. Segundo a sua opinião, esta igreja teria sido construída para comemorar a interacção de Jesus com Pedro, que reconheceu ali o seu Mestre como sendo o Messias.

O local da escavação é singular, uma vez que combina um penhasco, uma gruta, nascentes de água e um terraço criado em tempos remotos a partir do colapso de parte do penhasco sobre o qual o templo foi erigido. Segundo Erlich, a adoração do deus Pan começou a ser realizada junto à gruta e à nascente de água por volta do 3º século a.C. O templo foi edificado por volta do ano 20 a.C. O local tornou-se num importante centro cristão por volta do ano 320 d.C., tendo a Igreja o seu próprio bispo já naquela altura.

O edifício de grande estilo era adornado com arquitectura clássica romana, e era um espaço aberto, com um pequeno poço no meio, foi identificado com toda a segurança como sendo um templo dedicado a Pan devido à inscrição de dedicação gravada no altar ao deus dos pastores, da música e do sexo. A estrutura da arquitectura romana original do templo foi depois "cristianizada" e transformada num templo cristão.

Entre os vários achados de cariz cristão estão pequenas cruzes gravadas na decoração do mosaico do chão do templo. O símbolo da cruz tornou-se generalizado na iconografia cristã depois do reino do imperador romano Constantino, em meados do século IV d.C. Um nicho voltado para leste no templo pagão e que teria certamente alojado uma estátua de Pan foi reinventado para se tornar numa abside da igreja. 

Foi ainda descoberta "uma pedra muito interessante" revestida e pontilhada com cruzes gravadas. Seriam certamente grafitis "eu estive aqui" gravados por peregrinos dos séculos 6º e 7º. A certa altura da sua existência, o templo sofreu danos através de um tremor de terra, sendo renovado no 7º século.

A actual escavação está sendo realizada em cooperação com a Universidade de Haifa, e é parte de uma vasta variedade de actividades realizadas para preservar e conservar a arqueologia monumental descoberta nestes últimos anos em Israel. 

Estes novos achados serão preservados e tornados acessíveis aos muitos milhares de turistas que vêm de todo o mundo visitar as quedas de água em Banias.