As autoridades presidiárias israelitas libertaram 55 palestinianos detidos em Israel, incluindo o director do hospital Shifa, Mohammad Abu Salmiya, que havia sido preso por Israel sob a acusação de permitir que o hospital fosse utilizados para as actividades terroristas do Hamas. Israel costuma libertar periodicamente detidos de Gaza que não sejam identificados como terroristas.
As reacções entre os ministros do governo israelita não se fizeram esperar: Ben Gvir, ministro da Segurança Nacional, afirmou que a decisão de libertar o director do hospital Shifa juntamente com dezenas de terroristas foi "ruinosa." Vários outros ministros já revelaram a sua revolta através de mensagens num grupo privado de whatsapp. Este é o exemplo de alguns dos protestos publicados por alguns desses ministros:
"Por que é que foi liberto este homem, em cujo hospital reféns foram mortos e onde funcionava um centro de comando do Hamas?" "É impensável fazer tal coisa sem consentimento do gabinete ministerial. Pergunto seriamente sob que autoridade isso foi feito?". "Israel necessita de uma nova liderança de segurança, quanto mais cedo melhor."
Benny Gantz, líder do partido da oposição "União Nacional", apelou ao governo para que se demita por causa desta decisão de libertar o director do hospital Shifa, alegando que Israel "não pode continuar a fazer a guerra" desta forma.
"Um governo que liberta aqueles que abrigaram os assassinos do 7 de Outubro e que ajudaram a esconder os nossos reféns cometeu um erro moral, ético e operacional, pelo que não é capaz para liderar a nossa guerra existencial e precisa de ir embora" - afirmou Gantz, acrescentando: "Quem quer que tenha tomado tal decisão precisa de ser demitido hoje." Gantz insistiu ainda na necessidade de se marcar uma data para eleições.
O líder da oposição Yair Lapid juntou também a sua voz às muitas que protestam esta decisão: "As notícias desta manhã e o caos neste governo relacionado com a libertação do director do hospital Shifa é uma continuação directa da ruína e disfunção do governo israelita que está causando estragos na segurança dos cidadãos israelitas."
O primeiro-ministro Netanyahu e o ministro da defesa Yoav Gallant já vieram entretanto distanciar-se da decisão tomada: "O procedimento de encarceramento prisioneiros de segurança e sua libertação está sob a responsabilidade do Shin Bet e do serviço prisional de Israel, e não está sujeito à aprovação do ministro da Defesa" - afirmou Gallant. O Shin Bet está sob a jurisdição do gabinete do primeiro-ministro, e o serviço prisional de Israel está sob a alçada do Ministério da Segurança Nacional actualmente dirigido pelo ministro Itamar Ben Gvir. Netanyahu já exigiu uma investigação imediata ao ocorrido.
Ben Gvir já veio entretanto apelar à destituição do chefe do Shin Bet, os serviços secretos de Israel. A agência israelita já veio no entanto alegar que foi forçada a soltar e enviar os prisioneiros de volta à Faixa de Gaza "por falta de espaço nas prisões israelitas." O porta-voz do Shin Bet acrescentou ainda que "desde há muito que têm vindo a alertar sobre a crise nas penitenciárias e sobre a necessidade de aumentar o número de celas à luz do crescente número de detenções de terroristas na Faixa de Gaza e na Margem Ocidental."
Está aberta mais uma guerra...Deus tenha misericórdia de Israel!
1 comentário:
Impressionante, como o povo de Israel, inclusive o governo, é tão desunido. É extremamente preocupante ver essa dissonância numa época de imperiosa necessidade de coesão, em que os inimigos jazem às portas desejosos para destruir essa nação.
Há uma reinvindicação contumaz de renovação do governo. Isto é imprescindível, porém, neste momento tribuloso em que a existência de Israel está no limbo, não se deveria falar nada sobre isso. Depois da guerra, isso poderia vir à tona tendo o povo como o principal protagonista de mudança.
Soltar esses bandidos terroristas e enviá-los a Gaza sem uma vigilância eletrônica, acho que não foi uma boa ideia. Assim como no Brasil existe a tornozeleira eletrônica (que a meu ver não vale nada), Israel poderia utilizar-se de um dispositivo de vigilância sobremodo inteligente (como, por exemplo, chips implantados e irremovíveis), cujos cientistas de TI de Israel sabem fazer muito bem.
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