Foi apresentado na universidade de Groningen, na Holanda, um novo estudo fazendo uso da datação pelo carbono-14 feito a 30 fragmentos dos manuscritos do Mar Morto, os mais antigos manuscritos das Escrituras Hebraicas. O carbono-14, ou datação radiocarbonica, é um método que determina a idade que mede a deterioração do nitrogénio do radiocarbono. Desde há várias décadas que esses testes vêm sendo realizados. A Autoridade para as Antiguidades de Israel é normalmente relutante em facilitar esses testes, uma vez que a técnica é destrutiva, embora que numa pequena escala.
O estudo visava resolver o conflito académico acerca da data precisa dos manuscritos, que a maioria dos peritos acredita terem sido escritos entre o 3º século a.C. e o 1º d.C.
"Quando se trata de datar os manuscritos, existe o problema de que na maior parte do período, não temos manuscritos datados internamente, e os poucos que temos são datados dos confins da escala do tempo" - afirmou o prof. Mladen Popovic, director do Instituto Qumran de Groningen e líder do projecto durante uma conferência.
O estudo revelou que alguns dos manuscritos são mais antigos do que se supunha. Os resultados dos testes por radiocarbono a 25 dos manuscritos ajudaram a calibrar um algoritmo para análises digitais de paleografia (a ciência da escrita à mão).
"Os nossos paleógrafos dirão que podem datar os manuscritos do Mar Morto com uma precisão de 25 a 50 anos de alcance, e a pesquisa terá ainda de substanciar o seu modelo" - afirmou Popovic, acrescentando: "Salvaguardando alguma informação futura, ousamos dizer que temos um modelo que funciona consistentemente e que é capaz de datar manuscritos com uma precisão empiricamente baseada que não era possível até agora. Este é um grande avanço neste campo."
O estudo também revelou novas teorias sobre os autores dos manuscritos. Um dos aspectos investigados foram as características biomecânicas, como por exemplo a forma em como alguém segura uma caneta ou um lápis. Popovic colaborou neste estudo com o candidato a doutorado Maruf Dhali. Ambos focaram a atenção no "Grande Rolo de Isaías" (1QIsaa) da cave 1 de Qumran. A escrita no rolo parece uniforme, atribuível a um só escriba, embora alguns acreditem que foi escrito por dois escribas usando estilos idênticos. Comparações precisas focando em detalhes mínimos são difíceis. Pensa-se que ambos os escribas terão recebido o mesmo treinamento, ou que seriam até pares na mesma escola de escribas.
O estudo também aplicou o algoritmo para estudar o estilo de escrita de 51 manuscritos do Mar Morto. O estilo, conhecido como arredondado semi-formal, data da parte final do 1º século a.C. O estudo concluiu que 8 dos manuscritos considerados foram escritos por um só escriba, o mais profícuo até agora identificado e capaz de escrever em duas línguas.
Crê-se que os restantes manuscritos foram escritos por vários escribas, exceptuando dois fragmentos escritos pelo mesmo escriba.
Shalom, Israel!
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